terça-feira, 14 de outubro de 2008

Desorganização pode atrapalhar Copa de 2014

Por Bruno Lousada
no Estado de São Paulo

Se o Mundial de Futsal é visto pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, como um vestibular para a Copa do Mundo de futebol de campo em 2014, talvez o Brasil seja aprovado somente na reclassificação. Apesar de ter consumido pelo menos R$ 32 milhões dos cofres públicos, a competição, que se encerra no domingo, não foi impecável em termos de organização. Apresentou falhas que deixaram boa parte das seleções indignadas.Goteiras no Maracanãzinho e no Ginásio Nilson Nelson, às vésperas do início do torneio, atrapalharam a preparação de algumas equipes; o público andou sumido no Rio durante a primeira fase; e o Japão reclamou da quadra disponibilizada em Brasília para os treinamentos. Embora sejam distintas em vários aspectos, as duas competições possuem um ponto em comum: a chancela da Fifa. E é claro que o País quer deixar a melhor impressão possível para a entidade máxima do futebol. "Uma imagem negativa agora pode respingar em 2014", admitiu o diretor-executivo do Comitê Organizador Local deste Mundial, Hideraldo Martins. Apoio não faltou. O governo federal foi o maior financiador do evento, orçado em R$ 45 milhões: aportou R$ 25 milhões. Deste montante, o comitê, a princípio, usará R$ 21 milhões. Devolverá R$ 4 milhões, a não ser que surjam imprevistos. "Uma série de despesas não estavam incluídas inicialmente no orçamento, como a decoração do Maracanãzinho, a pintura de sua quadra e a locação de áreas para treinamentos", disse Hideraldo Martins. Os governos do Distrito Federal e do Rio investiram, cada um, R$ 5,5 milhões no torneio. O restante (R$ 13 milhões) foi custeado principalmente por patrocinadores. Apesar do gasto elevado, nem tudo transcorreu às mil maravilhas. Em 26 de setembro, gotas d?água caíram no centro da quadra do Ginásio Nilson Nelson (em Brasília), reformado às pressas ao custo de R$ 13 milhões, e interromperam o treino do time de Falcão. Horas antes, a seleção já havia superado um contratempo: o ônibus que transportaria a delegação brasileira não passou para pegá-la no hotel onde estava hospedada. Foi necessário, então, improvisar vans da organização do Mundial para levar a equipe até o ginásio.Incidente semelhante ocorreu no Rio, no dia 29. Goteiras e um balde colocado às pressas no centro da quadra do Maracanãzinho, cuja recuperação para os Jogos Pan-Americanos de 2007 consumiu R$ 90 milhões dos cofres públicos, atrapalharam o treino da Espanha.E os problemas não pararam por aí. Segundo o técnico do Japão, Sérgio Sapo, ele teve de paralisar uma atividade da equipe no colégio La Salle, em Brasília, por causa de goteira e falta de luz. "A organização levou milhões do governo e não tem condições de dar um ginásio decente para treinar? Incrível." Além disso, nos jogos sem a seleção brasileira, os ginásios nas duas cidades-sede só não ficaram às moscas por causa do projeto Lotação Esgotada, que vai levar ao todo 140 mil alunos da rede pública de ensino aos locais de competição

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