sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Gabeira diz que pode ajudar PT e PSDB; Paes cola em Lula

Na Folha de São Paulo

O candidato do PV à Prefeitura do Rio, Fernando Gabeira, aliado do PSDB e ex-petista, ficou em cima do muro: disse que sua vitória ajudará tanto o projeto presidencial do tucano José Serra quanto o daquele escolhido para ser o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O candidato do PMDB, Eduardo Paes, ex-tucano, não deixou espaço para seu ex-partido e afirmou que sua eventual vitória beneficiará Lula.As afirmações dos candidatos foram feitas em debate promovido ontem pela Folha, no Cine Odeon, na Cinelândia, centro do Rio. Na mais recente pesquisa Datafolha, os dois estão em empate técnico: Gabeira tem 43%, e Paes, 41% "O que estou fazendo e vou fazer no Rio interessa tanto ao Serra quanto ao Lula. Tanto ao PSDB quanto ao PT. Vamos olhar nossa história comum, supor que não sejamos divididos, que sejamos um único grupo. Nós conseguimos uma boa política econômica. Uma política econômica formulada no governo passado e ampliada e enriquecida neste governo", disse Gabeira."Não tenha dúvida de que nossa candidatura significa, sim, a junção de forças políticas que apóiam o presidente Lula em nível nacional, que estão aqui juntas neste segundo turno, para poder fazer a reconstrução dessa cidade, que está muito mal", afirmou o candidato do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).Dois anos depois de chamar o presidente de "psicótico" e "chefe de quadrilha", Paes disse que se arrepende dos termos usados, mas não das acusações feitas. "Num processo de debate político, como tivemos ali em Brasília, num processo de investigação, considero que cumpri com as minhas obrigações. Apurei e ajudei a contribuir com a melhora da democracia no Brasil. Dessas coisas não me arrependo. Nesse processo de debate político às vezes você se excede em certas afirmações, expressões usadas.Eu não tenho o menor problema em admitir isso e me desculpar", declarou.Gabeira não recuou dos comentários feitos à época do escândalo do mensalão, quando afirmou que Lula sabia do esquema de compra de deputados e que "uma quadrilha" dominava "o governo brasileiro".Mas fez questão de citar alianças com o petista nas eleições de 1989, 1994, 1998 e 2002."Não posso negar meu passado de lutas junto com o presidente Lula. Se saí do governo, é porque achei que nossos princípios comuns não foram respeitados. Não sou candidato a aderir ao governo Lula. Sou candidato a ter uma relação civilizada e republicana com ele."O debate da Folha contou com a participação do escritor e jornalista Ruy Castro, colunista da Folha, e do repórter Mário Magalhães, tendo sido mediado pelo coordenador da Sucursal do Rio, Plínio Fraga.
Experiência
O candidato do PV afirmou que, assim como ele, "grandes dirigentes" também não tinham experiência administrativa antes de ocupar um cargo no Executivo -citou Lula e Fernando Henrique Cardoso como exemplos."Além disso estou me preparando com uma equipe extraordinária. Nós estamos ancorados nessa idéia: o Rio precisa de uma liderança para reconduzir a reconstrução. Essa liderança é uma liderança política, mas não está isolada. Temos que estar apoiados em uma grande equipe técnica."Paes lembrou sua gestão como subprefeito de Jacarepaguá (zona oeste), secretário municipal de Meio Ambiente e secretário estadual de Esporte e Lazer. "Tenho três experiências no Poder Executivo, todas elas muito bem-sucedidas."Ambos afirmaram que vão nomear técnicos competentes, dignos e honestos para as secretarias, mas se recusaram a antecipar nomes. Para Paes, "não é momento de divulgar" os futuros secretários. Gabeira disse que, por ter "nomes demais, nós preferimos não causar rivalidade neste momento".Proibido de entrar nos Estados Unidos por ter participado do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 1969, Gabeira disse que poderá manter relações com representantes do país. "A posição dos americanos a meu respeito evoluiu bastante. Portanto, acho que não haverá problemas. E meu vice, Luiz Paulo, está com o visto em dia."Paes creditou suas cinco trocas de partidos em 16 anos na política ao fato de as siglas não manterem seus programas políticos. "O partido deve servir como uma espécie de norte, de referência para o eleitor quando escolhe seu candidato. Aqui no Brasil infelizmente não é assim", justificou.
Campanhas apócrifas
Paes classificou como "condenáveis" os panfletos apócrifos contra seu adversário. Disse que também é vítima de campanha negativa, mas que não gosta de reclamar do problema, "fazer disso um cavalo de batalha". Ele insinuou que Gabeira promoveu propaganda negativa pela internet. "Fora, Gabeira, esse absurdo que acontece nesse campo, que o sr. mesmo diz que domina a internet. Porque o e-mail apócrifo também é muito ruim que aconteça". O verde respondeu: "Se eu disse algum dia que domino a internet, disse um absurdo. Ninguém domina a internet".

Um comentário:

Muller disse...

Ainda não tinha lido direito sobre esse debate. Pelo visto Gabeira novamente foi melhor. Bom post.