sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Serra vê interesses políticos na manifestação dos policiais

No Jornal do Brasil

O governador José Serra afirmou que a manifestação de ontem segue interesses políticos-partidários com vistas a influenciar o segundo turno, no dia 26.
– Estão aproveitando o momento eleitoral – disse, durante entrevista coletiva às 20h no Palácio dos Bandeirantes. – Não é uma manifestação clandestina. Está documentada e registrada.
Serra citou o PT e o PDT, que têm influência sobre, respectivamente, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical – centrais que dão respaldo à greve – e apóiam a candidatura da petista Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo.
Desde o início da greve, o governador vem se esquivando de comentá-la. Tem deixado isso a cargo de secretários. O tucano comparou o protesto ao escândalo do falso dossiê contra políticos tucanos montado por petistas às vésperas das eleições de 2006, quando disputava o governo com Aloizio Mercadante (PT).
– A eleição tem de ser disputada, mas tem de ser democrática, não na base de artifícios, de factóides dessa natureza, como houve na eleição passada, o negócio do dossiê dos aloprados – disse. – Enfim, essas são armas que aparecem justamente na véspera da eleição.
O vereador José Américo, presidente municipal do PT, rebateu:
– É uma forma oportunista de tentar jogar nas costas dos partidos uma responsabilidade que é dele – afirmou. – Eles se comprometeu em melhorar as condições das polícias, vem embromando os caras há 30 dias, e, ao frustrar as expectativas, responde da pior forma possível: com repressão, criminalizando o movimento e tentando responsabilizar os partidos.

Sala de situação

Serra acompanhou, por duas horas, o momento mais agudo da crise de uma sala de situação, instalada na Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes. O governador foi para lá por volta das 16h30, quando os manifestantes romperam o cordão de policiais civis, entrando em confronto com PMs.
Ao longo de sua permanência na sala, Serra atribuiu motivação política ao movimento e manifestou preocupação com a eventual reprodução do conflito na base das polícias. Determinou que os comandantes das polícias trabalhassem para evitar que confrontos se multiplicassem pelo Estado.
Reunidos desde as 13h na sala, coronéis da PM e o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Lemos Freire, dispararam telefonemas para os comandos regionais pedindo calma. Segundo um dos presentes, um dos momentos de maior tensão aconteceu quando surgiu a informação de que um coronel fora ferido.
Serra pediu, então, que o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, telefonasse para a direção do Hospital Albert Einstein para checar a informação. Os secretários estaduais da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, e de Gestão, Sidnei Beraldo, também passaram todo tempo na sala, de onde Serra só saiu para dar entrevistas. Ao falar à TV, o governador disse à população que não há razão para intranqüilidade, que os comandos das polícias estão "absolutamente unidos".

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