sábado, 18 de outubro de 2008

PT diz que Serra lembra ação de militares

Na Folha de São Paulo

A crise entre as polícias Civil e Militar em São Paulo abriu nova ofensiva da campanha de Marta Suplicy na capital. Petistas associam o confronto de anteontem à "falta de diálogo" e ao "autoritarismo" de um modelo adotado pelo governador José Serra (PSDB) e repetido por seu afilhado político, o prefeito Gilberto Kassab (DEM).Em encontro ontem com taxistas, Marta acusou Serra de "irresponsabilidade", de ter "incapacidade para a negociação" e disse que ele tenta tirar proveito eleitoral do episódio assim como ocorreu em 1989, no seqüestro do empresário Abílio Diniz (leia texto ao lado)."Quando houve o seqüestro de Abílio Diniz, puseram camisetas do PT nos seqüestradores, e o Lula perdeu a eleição. E agora, quando estamos na véspera de uma eleição, fico pasma de o governador fazer acusações desse porte. É muito sério o que ele fez", disse Marta.Logo após o confronto das polícias anteontem, Serra deu entrevistas dizendo que PT, CUT e Força Sindical insuflaram a manifestação da Polícia Civil por motivação eleitoral.Vice na chapa da petista, Aldo Rebelo (PC do B) associou o discurso de Serra ao dos governos militares. "Não defendo armas, quebra de autoridade, mas a atitude de Serra não honrou a tradição democrática de um homem que já fez muita passeata na rua. Ele usa agora o mesmo discurso de governos de quando ele, Serra, era líder estudantil, deputado, e apoiava campanhas salariais", disse.As propagandas de Marta na TV já exploram o fato de o DEM, de Kassab, ter sua origem na Arena, partido que dava sustentação política à ditadura.Kassab disse não acreditar que o PT irá usar o confronto entre as polícias na propaganda eleitoral. "Acompanhei informação de que parlamentares e sindicatos participaram desse movimento procurando turbiná-lo ao invés de jogar água fria. Se comprovado, é lamentável."O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso corroborou a tese levantada por Serra. "Havia pessoas ligadas às eleições de alguma maneira estimulando uma coisa que acho que elas deveriam acalmar", afirmou.Ontem, o governador voltou a falar em motivações eleitoreiras. "Motivação partidária-eleitoral é meio óbvia, basta olhar o texto de discursos feitos por políticos nesses eventos. O evento de ontem foi programado, proposto, por um desses líderes, que é o Paulinho, da Força Sindical. Aliás, um deputado envolvido em escândalo, que tem processo de cassação em andamento", disse.Sobre as críticas do vice de Marta, Serra disse: "Não acredito que o Aldo tenha dito isso. Se disse, perdeu ótima oportunidade de não dizer besteira".O tema dominou boa parte das falas do encontro, ontem, do chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, com líderes religiosos católicos.Foi lançado um manifesto pró-Marta, que pede voto na candidata "em favor dos mais pobres" e diz: "É dever de todo cristão, olhando o fio da história que nos corta, dar um basta definitivo a resquícios da ditadura." São 500 mil cópias."Não é possível que um governante, diante do fracasso de uma negociação, se apresse em atribuir a culpa a um partido, a lideranças sindicais, sem ter o mínimo de bom senso para avaliar onde fracassou", afirmou."Como petista, me senti ofendido, pois essa não é a verdade dos fatos. Como membro do governo federal, lamento que o governador não retribua a generosidade com que o presidente o trata", disse Carvalho.Parlamentares afirmaram que tanto Serra como Kassab "criminalizam os movimentos sindicais e sociais".

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