na Folha de São Paulo
Presidentes e um vice de dez partidos, governistas e de oposição, divulgaram ontem uma nota conjunta afirmando que são contrários a uma mudança constitucional que dê ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de candidatar-se a um terceiro mandato. Segundo eles, a discussão "compromete o clima de tranqüilidade e normalidade política e institucional do país".Foi uma iniciativa do presidente do PMDB, Michel Temer, que teve os apoio de seus colegas Ricardo Berzoini (PT), Rodrigo Maia (DEM), Tasso Jereissati (PSDB), Roberto Amaral (PSB), Renato Rabelo (PC do B), Francisco Dornelles (PP), Roberto Freire (PPS) e Daniel Tourinho (PTC) -este último, do mesmo partido do deputado Carlos Willian (MG), um dos defensores da tese.Também assinou Pastor Everaldo, vice-presidente do PSC. Juntos, esses partidos representam 75% da Câmara e 77% do Senado."Os presidentes de partido abaixo-assinados tornam público o seu posicionamento contrário a quaisquer alterações das normas constitucionais que disciplinam as eleições para os cargos de presidente da República, governadores de Estado e prefeitos municipais, visando facultar um terceiro mandato consecutivo mediante segunda reeleição", diz a nota conjunta.O documento foi redigido na tarde de ontem em uma reunião no gabinete de Temer. Tasso, Dornelles, Freire e Tourinho não participaram, mas autorizaram a inclusão de seus nomes na nota. "Estava ficando uma coisa venezuelana, começou a ficar mal para o país", afirmou o peemedebista. Temer disse que os partidos a assinarem a carta foram os que ele conseguiu contatar.Em tom cordial, os líderes partidários entoaram o coro de que a nota dará um fim às especulações. "É a pá de cal no terceiro mandato", disse Amaral.Berzoini, que pela manhã havia se reunido com Lula no Palácio do Planalto, disse que seu partido "nunca estimulou" essa discussão, apesar da idéia ter sido levantada por alguns petistas. "Já declarei umas 50 vezes que o PT não tem nenhuma iniciativa nesse sentido", afirmou.Mesmo a oposição se mostrou satisfeita com a decisão conjunta. "Agora temos condições de dar garantias aos partidos de que o terceiro mandato não está na pauta de nenhum de nós", disse Rodrigo Maia.A cordialidade e unanimidade acabaram quando o assunto enveredou para o fim da reeleição. Berzoini declarou que o PT defende um único mandato. Roberto Amaral foi ainda mais incisivo: "Nós queremos derrubar a reeleição".O DEM fez ponderações. "Na nossa opinião, a reeleição foi um equívoco, mas acabar com ela agora seria outro erro. Melhor seria deixar a proposta maturar", disse Rodrigo Maia.O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse ontem que não vê possibilidade de uma emenda para o fim da reeleição ser votada nesse ano."É um tema que tem natural complexidade política. Avalio que isso vai ser discutido, mas dificilmente vai ganhar volume e importância política para ir para a pauta nesse ano", disse Chinaglia.
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