domingo, 4 de novembro de 2007

“Quem perdeu foi o Brasil”

por Edmar Oliveira
no Hoje

Demóstenes Torres (DEM) vive seu grande momento no Senado, como relator da CPI do Apagão Aéreo e carrasco do presidente licenciado Renan Calheiros. Na semana passada, o governo jogou pesado e derrotou seu relatório, que pegava peixes graúdos do PT, como o deputado federal Carlos Wilson (PT-PE), acusado de desviar recursos quando presidente da Infraero. Demóstenes, no entanto, não se considera derrotado. “Quem perdeu foi o Brasil, pois deixamos de indiciar nove pessoas que colaboraram num grande esquema que consumiu meio bilhão de dólares dos cofres públicos”, disse o senador. Antes de embarcar para os EUA, onde nesta semana vai representar o Senado nos trabalhos da Organização das Nações Unidas, Demóstenes deu a seguinte entrevista ao HOJE.
HOJE – O governo derrubou seu relatório na CPI do Apagão Aéreo. O senhor se considera derrotado?
Demóstenes Torres – O grande perdedor foi o Brasil, mas não vou descansar enquanto esse pessoal (os que tentou indiciar) não pagar pelos crimes que cometeu. Participei de todos interrogatórios, de todas as investigações, li milhares de documentos, fui a diversos lugares em que cometeram crimes. Meu relatório não foi coisa de oposicionista, foi um documento com base em trabalho sério.
HOJE – Agora, eles estão livres?
Demóstenes – Não. Vou enviar meu relatório ao Ministério Público Federal e aos tribunais superiores, à Polícia Federal, à imprensa. Vamos pegar no pé deles.
HOJE – Será que Renan vai escapar igual ao pessoal da Infraero?
Demóstenes – Ele já perdeu a presidência do Senado e há contra ele diversas acusações ainda não levadas a voto no Conselho de Ética. Não acabou nem vai acabar em pizza.
HOJE – Ao continuar no Democratas, o senhor dificultou sua reeleição?
Demóstenes – Não, eu facilitei minha reeleição. Defendo a fidelidade partidária e acho que o Democratas vai fazer uma boa aliança em Goiás para que o povo goiano me dê a oportunidade de continuar trabalhando no Senado.
HOJE – O senhor fala em aliança, mas o presidente de seu partido, o deputado Ronaldo Caiado, tem discursado no interior como candidato a governador...
Demóstenes – Todo político sonha governar seu Estado, mas o deputado Ronaldo Caiado tem consciência do que faz e diz. Ele seria um grande governador, porque tem experiência e competência, mas ainda está longe...
HOJE – Está longe, mas o senhor se apressou em garantir sua candidatura em 2010...
Demóstenes – E sabe por quê?HOJE – Por quê?Demóstenes – Porque eu não queria sofrer o processo desgastante que enfrentei em 2005 e 2006.
HOJE – O senhor não teme que se repita tudo outra vez, já que o ex-deputado Vilmar Rocha diz que vai ser candidato a senador?
Demóstenes – Prefiro acreditar na palavra das maiores lideranças de meu partido no nível nacional, que garantiram minha vaga de candidato à reeleição.
HOJE – Vaga em que chapa?
Demóstenes – Vamos trabalhar para fazer uma grande aliança.
HOJE – Seria na chapa do senador Marconi Perillo a governador?
Demóstenes – Nossa missão agora é intensificar as conversações para a formação dessa chapa. Pode ser, sim, com o senador Marconi. O leito natural do rio em que corre o PSDB é ir junto com o Democratas...
HOJE – O que o senhor achou da polêmica em torno da faculdade Alfa, que abriu uma turma especial para Marconi Perillo e sua mulher, Valéria Perillo?
Demóstenes – É uma falsa polêmica. Se uma pessoa quer estudar, a gente tem que aplaudir. Não se pode tolher o direito de alguém a aprender. Se só agora o senador Marconi teve a oportunidade de completar seus estudos, ele pode recorrer ao que for possível. Pelo que sei, foi a faculdade que ofereceu os horários especiais, e não o senador quem pediu.
HOJE – O senhor defende o senador Marconi, então por que o pessoal dele não gosta do senhor de jeito nenhum?
Demóstenes – Não sei que pessoal é esse, mas eu respeito quem não goste de mim. De minha parte, honrei a oportunidade de ser secretário de Segurança Pública, como estou honrando o mandato de senador, chances que consegui com o grupo de Marconi Perillo. Então, não envergonhei ninguém. Se restam arestas a aparar, vamos aparar, mas de minha parte não resta nenhuma.

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