sábado, 10 de novembro de 2007

Eu já vi esse filme (Parte 2)

Marconi Perillo fez as mesmas coisas que Cidinho pretende fazer na sua reforma administrativa. Não deu certo. Segue abaixo uma reportagem que saiu no Jornal Opção no comecinho de 2003, primeiro ano do segundo mandato do Tempo Novo. A matéria é assinada por Afonso Lopes:
O segundo mandato do governador Marconi Perillo tem algo em comum com os primeiros dias de 1999, quando foi dada a largada para o Tempo Novo. Naquela época, como agora, a palavra de ordem é cuidar de cada centavo para não permitir furos no cofre. A diferença está nas intenções. Em 99, o objetivo declarado era o de colocar ordem na casa. Hoje, é manter a casa em ordem. Em outras palavras, passada a fase de euforia pela vitória nas eleições do final do ano passado, Marconi mostra aos aliados e, principalmente, à população, que não pretende se descuidar da difícil gestão da economia do Estado, herança de décadas de gastança sem freios (e não se veste esta frase como crítica, até porque muitos recursos da chamada dívida histórica criaram uma boa infra-estrutura viária que hoje permite um incremento generalizado da produção agrícola), para não colocar furos no cofre das finanças. Até porque Goiás não é uma ilha isolada, imune aos maremotos que atingem a economia nacional nos últimos meses. E o pior é que as previsões mais otimistas mostram um quadro francamente pessimista para o decorrer deste ano.
Tempo Novo — Vive-se, portanto, a lógica do abismo. Se há possibilidade de surgir um imenso buraco logo à frente, cuida-se ao máximo para não tropeçar nas próprias pernas e despencar rumo ao fundo que ninguém conhece. Se o abismo não aparecer, melhor. Curiosamente, essa mentalidade é quase a essência do denominado Tempo Novo, criado por Marconi. Sem perder a inclusão social de vista, toca-se como pode a carruagem das obras físicas. Quando é possível andar a todo vapor, anda-se. Quando é necessário prudência, observa-se com mais atenção o fluxo do caixa. No meio da semana, em entrevista à imprensa, o secretário da Fazenda, Giuseppe Vecci anunciou o tamanho do corte nas despesas. Não é brincadeira. Pelas suas palavras, pode-se deduzir que o talho será muito mais abrangente do que se imaginou a princípio. O ritmo de reajustes salariais dos servidores públicos, por exemplo, vai ser reduzido. É uma conseqüência direta da política adotada no primeiro mandato, quando se concedeu mais reajustes do que nos 10 anos anteriores. Vecci não disse que os servidores ficarão sem novos avanços na massa salarial. Ele explicou apenas que o andor vai ser carregado de forma mais lenta. Nos cargos comissionados, o corte na carne será muito mais abrangente. Hoje, o governador pode lotar 9 mil servidores de confiança. Esse batalhão será reduzido praticamente à metade. As obras em andamento deverão continuar, mas poderão necessitar de novas datas para serem inauguradas. Apenas aquelas consideradas fundamentais e urgentes manterão o ritmo. E isso quando são exclusivamente erguidas com recursos do próprio Estado. Muitas dependem de uma contra-partida do governo federal (e aí não se sabe ao certo se haverá ou não um abismo).
Veja que Marconi tentou fazer as mesmas coisas que Cidinho está tentando fazer: cortar gastos, demitir comissionados, equilibrar as finanças. Todos nós sabemos que as medidas tomadas por Marconi não surtiram efeito.
Tenho lido na imprensa goiana que muita gente acredita nas propostas apresentadas por Cidinho. Eu fico com um pé atrás. Esta reforma não vai dar em nada. Quando chegar as eleições do ano que vem Cidinho terá que alegrar seus aliados dando cargos no governo aqui e acolá, acalmar os servidores dando aumentos de salários aqui e acolá. E, pensando bem, um governador que não dá exemplo de economia, que viaja pra Suíça só pra ver o anúncio do Brasil ser sede da Copa de 2014 mesmo que fosse candidato único não merece nenhum crédito para organizar as finanças do estado. Aliás, até agora não vi ninguém perguntando para o governador de onde veio o dinheiro para pagar a viagem.
Marconi queria organizar as finanças do estado logo nos primeiros dias do seu segundo mandato. Não deu certo. Cidinho demorou 10 meses para anunciar sua reforma. Pelo jeito estamos a caminho do abismo.

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