segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Renan retoma atividades no Senado sem dar entrevistas

por Gabriela Guerreiro
na Folha online

Discretamente, o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), retomou hoje suas atividades como parlamentar depois de pedir uma licença médica de dez dias. Interlocutores de Renan informaram que ele não pretende dar entrevistas, por enquanto.
A Folha Online apurou que Renan está trancado em seu gabinete. Seus assessores informaram que ele está despachando.
A aliados, Renan informou que pretende adotar uma postura mais discreta daqui para a frente. A estratégia do peemedebista será evitar discursos públicos ou discussões polêmicas para não puxar para si os holofotes da crise política.
Renan disse a aliados que desde que deixou o Senado conseguiu deixar de ser o "centro das atenções" na Casa Legislativa --o que considera positivo já que responde a quatro processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética.
O senador encerrou uma bateria de exames na semana passada, com revisão oftalmológicas e teste de esforço.
Renan se afastou da presidência do Senado por 45 dias no dia 11 de outubro. Pouco depois, também pediu licença médica de dez dias do mandato para manter-se afastado da Casa.
Durante o período, manteve-se recluso na residência oficial da presidência do Senado, evitando lugares públicos e eventos políticos.

Processos

O Conselho de Ética deve retomar na semana que vem as discussões sobre os processos contra Renan. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) prometeu entregar até o dia 15 o relatório da terceira denúncia contra o peemedebista --na qual Renan é acusado de usar "laranjas" para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.
O processo é considerado o mais grave contra o senador, já que as acusações foram reveladas pelo usineiro João Lyra ---ex-aliado de Renan que se tornou seu adversário político no Estado.

Novas eleições

Apesar do retorno de Renan, o PMDB trabalha nos bastidores para realizar, até final deste ano, novas eleições para a presidência do Senado. Como o partido espera que o senador se afaste em definitivo da presidência do Senado, os peemedebistas se articulam para emplacar o novo presidente da Casa --com o objetivo de evitar disputas dentro da base aliada.
"Se tivermos um desfecho dos processos [contra Renan no Conselho de Ética do Senado] até novembro, dá para fazer eleição até dezembro", disse o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO).
Em meio à articulação discreta do PT para manter o senador Tião Viana (AC) como presidente definitivo do Senado, o PMDB deflagrou a corrida sucessória. Como reúnem a maior bancada na Casa, os peemedebistas argumentam que possuem o direito de permanecerem na presidência do Senado. "A vaga é do PMDB. Na hora que o cargo estiver vago, esperamos ter o apoio da base", afirmou Raupp.
Raupp espera que o PMDB encontre um nome de consenso no partido para substituir Renan, mas admitiu que poderá haver divergências dentro e fora da legenda. "Se mais de um senador na bancada tiver pretensões [do cargo], não há consenso."
O líder admitiu que os pré-candidatos à vaga de Renan preferem manter os nomes em sigilo para não serem "fritados" antes de assumirem o cargo. "Ninguém quer colocar o nome para ser fritado. Qualquer candidatura colocada com muita antecedência corre um sério risco."
O líder negou que esteja disposto a disputar a vaga de Renan, assim como também afirmou que o partido ainda não deu início às discussões sobre a sucessão do peemedebista --mesmo com a corrida nos bastidores pelo cargo.
"O PMDB não deflagrou esse processso. Eu tenho pedido cautela. Se alguns senadores estão colocando seus nomes na rua, é por conta e risco. Ainda não é o momento."

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