quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Sem apoio do PSDB, governo faz corpo-a-corpo por CPMF

Por Sílvio Navarro, Andrezza Matais e Letícia Sander
na Folha de São Paulo

Um dia depois de ouvir a recusa do PSDB, o governo decidiu ontem que somente um "corpo-a-corpo" intenso no Senado conseguirá reverter o cenário desfavorável para aprovar a prorrogação da CPMF (o imposto do cheque).Em cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo conseguirá prorrogar o imposto e que os "percalços" nas negociações são "absolutamente normais". Insistiu, ainda, que o PSDB não fechou questão. "Vamos conseguir aprovar com diálogo, com corpo-a-corpo, conversando com todos os senadores", disse. Sobre a resistência dos tucanos, ironizou: "Deve ter havido algum "tilt" ali que desagradou".A ordem dos governistas, a partir de agora, é buscar "votos no varejo", inclusive os supostos quatro senadores do PSDB propensos ao diálogo: Tasso Jereissati (CE), Sérgio Guerra (PE), Lúcia Vânia (GO) e Eduardo Azeredo (MG)."Ninguém acredita que vamos votar sozinhos. Se o PSDB não fechar questão contra, contamos com pelo menos quatro votos", disse Renato Casagrande (PSB-ES).Outra estratégia do Planalto agora será pedir a interferência dos governadores, especialmente os tucanos Aécio Neves (MG), José Serra (SP) e Yeda Crusius (RS). Ontem, Aécio esteve com o presidente Lula na capital mineira. "O equilíbrio fiscal do governo garante a continuidade de programas em parceria com Estados e municípios", disse Paulo Bernardo.
PMDB
A longa negociação com os tucanos suscitou a reação de aliados, que ameaçaram "ampliar a fatura" para votar em bloco. Ontem, a bancada do PMDB fechou questão a favor da prorrogação. Porém, condicionou o voto a uma série de exigências, entre elas a aplicação de redutor da alíquota.Ainda assim, a bancada daria 18 dos seus 20 votos, por haver duas dissidências certas: Mão Santa (PMDB-PI) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). "O redutor é o que todo mundo quer", afirmou o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO).Na reunião, o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), se absteve de votar. "Foi um gesto político para evitar interpretações de que influenciei na discussão."Outros dois votos na base são considerados perdidos: Expedito Júnior (PR-RO) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).Nesse cenário, os 53 votos "nominais" da base se reduziriam a 49 - número limite para aprovar a emenda que estende a CPMF até 2011. Mas não há segurança sobre outros quatro votos: Pedro Simon (PMDB-RS), Valter Pereira (PMDB-MS), Osmar Dias (PDT-PR) e Romeu Tuma (PTB-SP).O PDT também fez exigências. "O PDT tem cinco votos, parece que não tem importância. Não queremos barganhar cargos, nem obter favores. Pretendemos discutir onde está sendo aplicado o dinheiro da CPMF. Continuando assim, votaremos contra", ameaçou o senador Osmar Dias.O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), voltou a alertar sobre o risco. "Sempre sou muito cauteloso porque sei dos riscos que o governo enfrenta aqui quando o assunto é a obtenção de 49 votos. O ambiente está difícil para o governo. Insisto que haverá muita dificuldade", disse.Outra preocupação do governo é com a margem apertada para derrubar o relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) na Comissão de Constituição e Justiça. A votação seria um teste, inclusive dos votos de Jarbas e Simon. A leitura do parecer está marcada para segunda-feira e a votação na terça.

Nenhum comentário: