quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Estudo diz que há risco maior de racionamento de energia

Por Raquel Abrantes
na Folha de São Paulo

De 2005 a 2007, as restrições de gás natural reduziram em 12% a oferta firme de geração de energia do Brasil, afirma o Programa Energia Transparente, em estudo trimestral do Instituto Acende Brasil.Considerando um incremento de 4,8% do PIB (Produto Interno Bruto), o risco de racionamento em 2008 sobe para 9% -número acima do nível de segurança de abastecimento aceitável de 5%, que foi registrado no levantamento anterior-, considerando o cumprimento do cronograma de investimentos da Petrobras.A oferta de energia elétrica denominada firme -que reflete a capacidade de geração das usinas- prevista para 2008 passou de 57.000 MW (megawatts) médios, segundo dados do Plano Mensal de Operação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) de setembro de 2004, para 51.000 MW médios em setembro de 2007.O motivo para a redução de 6.000 MW médios na estimativa são as dificuldades de suprimento de gás natural na Argentina, na Bolívia e no Brasil.As restrições de abastecimento na Argentina prejudicaram a exportação de gás e o uso do insumo na produção e exportação de energia.Isso levou à interrupção do fornecimento da Ciem (interconexão Brasil-Argentina), com 2.000 MW médios, e à redução da usina térmica de Uruguaiana em aproximadamente 300 MW médios.Na Bolívia, o descompasso entre a capacidade de produção local e os compromissos de suprimento ao Brasil e à Argentina resultou na interrupção de fornecimento para a térmica de Cuiabá. O ONS retirou essa térmica da configuração de oferta em 2007 e 2008, com perda adicional de 400 MW médios de energia firme neste ano e de 200 MW médios em 2008.O aumento da capacidade de geração térmica de 2008 para 2009 depende da entrada de 20 milhões de metros cúbicos/dia de GNL (gás em estado líquido), prevista para começar no último quadrimestre de 2008.A Petrobras, conforme afirma o estudo, anunciou a contratação de regaseificação do GNL apesar de ainda não ter a confirmação do suprimento de gás nos pontos de produção e de liquefação.Segundo o Programa Energia Transparente, os investimentos da Petrobras em nova produção e logística equilibrariam oferta e demanda até 2011, pelas projeções da estatal. Mas a expectativa para Argentina e Bolívia é que as dificuldades na produção de gás natural continuem até 2010 ou 2011, quando o risco de racionamento no Brasil seria de 8% e 14%, respectivamente.

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