terça-feira, 6 de novembro de 2007

Ex-aliado de Chávez diz que reforma é golpe

pela Reuters e AP
no Estado de São Paulo

Ex-ministro da Defesa da Venezuela, o general aposentado Raúl Baduel qualificou ontem o projeto de reforma constitucional proposto pelo presidente Hugo Chávez como “um golpe de Estado”, que elimina direitos dos cidadãos venezuelanos. Figura-chave no movimento que restituiu o presidente venezuelano ao poder após um golpe de Estado em 2002, Baduel era até agora um dos maiores aliados de Chávez. Ele assumiu a pasta da Defesa em 2006, após dois anos como chefe do Exército, e deixou o posto um julho. “Se a reforma fosse aprovada estaria sendo consumado, na prática, um golpe de Estado, violando de maneira descarada o texto constitucional e seus mecanismos. Seria levar o povo como ovelha ao matadouro”, disse Baduel em entrevista coletiva. O vice-presidente Jorge Rodríguez afirmou que Baduel “disse o mesmo que a oposição tem dito”. Rodríguez pediu que o ex-ministro “não sucumba aos chamados à violência” e ironizou: “É bom que as máscaras estejam caindo.”A reforma foi aprovada pela Assembléia Nacional na sexta-feira e deverá ser levada a referendo no dia 2 de dezembro. No sábado, a oposição organizou uma grande manifestação no centro de Caracas para protestar contra o projeto. No dia seguinte, foi a vez dos aliados de Chávez tomarem as ruas da capital para apoiar a reforma. O projeto que irá a referendo prevê alterações em 69 dos 350 artigos da Carta de 1999. Entre as mudanças mais polêmicas propostas pelo presidente estão o fim da autonomia do Banco Central, a extensão do mandato presidencial de 6 para 7 anos e as reeleições ilimitadas - que permitirão a Chávez perpetuar-se no poder. Baduel não é o primeiro dos antigos aliados de Chávez a rever suas posições. Sete deputados do partido Podemos, antes parte da coalizão chavista, votaram contra a proposta. O ex-presidente da Assembléia Constituinte Luis Miquilena - no passado, grande amigo e mentor de Chávez - também convocou uma entrevista coletiva em agosto para se colocar contra as mudanças na Carta.

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