quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Renan reaparece, com mais filosofia que poder

Por Ana Paula Scinocca e Rosa Costa
no Estado de São Paulo

Na volta ao plenário ontem, o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), manifestou-se a favor da prorrogação da CPMF e não descartou a possibilidade de reassumir o posto. A licença do cargo termina no dia 26. “Cada dia com sua agonia. Eu tenho amigos e essas discussões acontecem paralelamente”, disse, referindo-se às negociações para aprovar a prorrogação da CPMF e tentar conseguir sua absolvição nos processos no Conselho de Ética. “Mas as paralelas não se encontram”, ironizou.Ele não aprova a articulação do líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), para a sucessão à presidência do Senado. Ontem, Raupp avaliou a possibilidade de fazer a eleição no mês que vem: “Com os processos concluídos até o fim de novembro, a eleição pode ser em dezembro”. As negociações prevêem que a CPMF seja aprovada até dezembro e, paralelamente, os governistas ajudem a salvar o mandato de Renan, que voltou à Casa na segunda-feira, depois de tirar uma licença médica de 10 dias.A sucessão foi discutida abertamente em plenário ontem pela primeira vez. Mão Santa (PMDB-PI) afirmou, em discurso, que se Pedro Simon (PMDB-RS) ou Gerson Camata (PMDB-ES) não se candidatarem, ele vai entrar na disputa. “Só abro mão para vocês (Simon e Camata). Senão, estou na fila. Os outros todos não são melhores do que eu. Os outros vão disputar aqui”, disse. No momento do discurso, Renan não estava no plenário.Até agora, dentro do PMDB apenas Garibaldi Alves (RN) se lançou candidato oficialmente, durante uma reunião da bancada. Outros nomes, porém, correm por fora. Um deles é o de José Maranhão (PB).Ao ouvir Mão Santa falar em sucessão, Osmar Dias (PDT-PR) disse que o assunto pode estar “proibido” no PMDB, mas não no PDT. “Nós já estamos discutindo a sucessão no Senado dentro do PDT. E os nomes que vossa excelência colocou nós apoiamos, inclusive o seu”, disse. De bate-pronto, Mão Santa avisou: “Mas eu e o Garibaldi somos camisas azuis. Verde e amarela é o Simon e o Camata”.Em conversa com jornalistas, Renan não quis comentar como sua volta está sendo recebida. “Essa avaliação é sempre de vocês (repórteres). Vocês é que avaliam. Voltei para trabalhar. As pessoas que me elegeram querem que eu trabalhe.” Ele contou que aproveitou a licença do mandato para fazer exames médicos e os resultados foram satisfatórios. Também disse que não está acompanhando os quatro processos no Conselho de Ética. “Isso está entregue aos advogados. Minha prioridade é trabalhar para que minha inocência fique comprovada.”

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