sábado, 5 de janeiro de 2008

Marco Aurélio sugere à Receita que investigue caixa 2 do PT gaúcho

Por Felipe Recondo
no Estado de São Paulo

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, cobrou ontem da Receita Federal uma investigação sobre a declaração feita pelo ex-ministro e deputado cassado José Dirceu de que o prédio da sede do PT de Porto Alegre foi construído com recursos de caixa 2. “Era com mala de dinheiro”, disse o ex-deputado, que já foi presidente do PT, em entrevista à revista Piauí deste mês, que chegou às bancas na quinta-feira.“Isso é um problema da Receita. Ela é que deve ir em cima”, afirmou Marco Aurélio. “Se a sede foi construída com dinheiro de caixa 2, que ela fiscalize. Ela não precisa da quebra generalizada do sigilo de dados para isso”, acrescentou o ministro, crítico da nova norma da Receita que determina que os bancos repassem dados sobre a movimentação financeira de empresas e pessoas físicas.Segundo Marco Aurélio, a Justiça Eleitoral não tem como investigar esse assunto. “O tribunal eleitoral lida com as eleições em si e está submetido a um balizamento temporal rígido. Não dá agora para retroagirmos. Eleitoralmente não temos como atuar”, explicou ele. E novamente criticou o Fisco: “Agora a Receita, que está muito preocupada com arrecadação e com a boa procedência dos numerários, deve atuar. Por que ela não atua neste caso?”
SUPREMO
Dirceu será interrogado dia 24, em São Paulo, na ação aberta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2007 contra os 40 acusados de participar do mensalão - o suposto esquema de mesada em troca de apoio ao governo no Congresso. O juiz encarregado do interrogatório deve questioná-lo sobre as declarações à revista Piauí. Se ele mantiver o que disse em juízo, o caso se tornará mais grave.“Será que o ex-chefe da Casa Civil deu um tiro no pé ao reconhecer que a sede do PT foi construída com caixa 2? É a pergunta que faço”, disse Marco Aurélio. “Eu me surpreendi com essa declaração, porque sempre o tive como homem inteligente. E ele não daria um tiro no pé. Vamos ver qual foi o objetivo da declaração.” Uma das possibilidades, segundo o ministro, seria Dirceu querer passar a idéia de que caixa 2 é um problema generalizado.

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