segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Lembranças de finais de ano

Quando eu era menor passava os finais de ano com minha família em Marília, interior de São Paulo. Quando eu tinha uns dois, três anos sempre chorava por causa dos rojões que eram soltados na noite do dia 31 de dezembro. Já dei muito trabalho pra minha mãe e pro meu pai, mas eles souberam me colocar nos trilhos. E não é que chegou um tempo que o moleque chorão queria soltar rojão? Para não desanimar o filho, meu pai comprava algumas caixas de rojões. Meu irmão e eu soltávamos as bombinhas e, ao invés de lágrimas, era só alegria.
Teve uma vez, acho que eu tinha uns doze, treze anos, que eu pedi para o meu pai comprar, mais uma vez, caixas de rojões para estourar na virada do ano em Marília. Lá foi meu pai comprar. No caminho até a loja, meu pai disse uma coisa que eu nunca me esqueci e que me fez parar de comprar rojões: “Soltar bombinha é a mesma coisa que colocar fogo em dinheiro”. Pronto! Depois daquele final de ano eu nunca mais comprei bombinha. Sabia o quanto era difícil para o meu pai ganhar dinheiro e sustentar a casa. Sabia que não era justo colocar fogo num dinheiro tão suado.
Ouço rojões lá fora. Nem são oito horas da noite. Neste dia de reveillon, percebemos que tem gente de tudo quanto é tipo: aqueles que adoram soltar rojões e os que adoram colocar fogo em dinheiro.

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