segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Filho de 19 anos de Benazir assume chefia de partido e mantém dinastia

No Estado de São Paulo

Bilawal Bhutto Zardari, o filho de 19 anos da ex-premiê assassinada Benazir Bhutto, foi escolhido para sucedê-la na liderança da oposição, num movimento que mantém a família Bhutto como a principal dinastia política do Paquistão. A presidência formal do Partido Popular do Paquistão (PPP), no entanto, ficará nas mãos do marido de Benazir, Asif Ali Zardari, enquanto o filho não terminar seus estudos na Universidade de Oxford.Benazir foi morta na quinta-feira num atentado suicida - atribuído pelo governo à Al-Qaeda - logo após um comício eleitoral em Rawalpindi, perto de Islamabad. O ataque matou outras 20 pessoas.“A longa luta do partido pela democracia continuará com vigor renovado. Minha mãe sempre dizia que a democracia é a melhor vingança”, disse Bilawal, durante entrevista coletiva. Zardari não permitiu que os jornalistas fizessem mais perguntas a Bilawal, afirmando que ele ainda é muito jovem.O marido de Benazir, que passou oito anos preso por acusações de corrupção, é uma das principais figuras do PPP. Bilawal, com a nomeação, segue os passos do avô, Zulfikar Ali Bhutto - premiê paquistanês entre 1973 e 1977, quando foi deposto num golpe militar e, depois, condenado à forca pelo ditador Zia ul-Haq -, e de Benazir, que chefiou o governo em dois períodos, de 1988 a 1990 e 1993 a 1996. Além da nomeação de Bilawal, Zardari anunciou que o partido participará das eleições parlamentares do dia 8 - apesar de o governo ter dito ontem que estuda o adiamento da votação por até oito semanas. A comissão eleitoral paquistanesa reúne-se hoje para tomar uma decisão sobre as eleições.Pelo menos 40 pessoas morreram desde quinta-feira em distúrbios em várias partes do país. A Província de Sindh, reduto político dos Bhuttos, é a área mais conflagrada. Centenas de bancos, lojas, postos de gasolina e carros foram incendiados pelos manifestantes, que consideram o presidente Pervez Musharraf responsável pela morte de sua líder. “Apesar da situação perigosa, participaremos da eleição, cumprindo a vontade de Benazir”, disse Zardari. “Se Deus permitir, quando o PPP formar seu governo, então teremos vingado a morte de Bibi (apelido de Benazir).” O provável candidato do partido será outro líder do PPP, Makhdoom Amin Fahim.Analistas paquistaneses disseram ontem que apesar do forte apoio popular a Benazir, Bilawal e Zardari terão de provar que são capazes de comandar o partido. “No curto prazo terão apoio, mas depois terão de mostrar seu valor e capacidade de liderança”, afirmou o ex-ministro e analista político Shafqat Mahmood.Também ontem, Zardari pediu que a ONU e o governo britânico ajudem nas investigações da morte da ex-premiê. O PPP rejeitou a versão oficial de que Benazir morreu ao bater a cabeça na alavanca do teto solar do carro onde estava no momento do atentado. Para Zardari, a explicação do governo não passa de “mentiras”. Após um telefonema do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, Musharraf afirmou que não descarta a possibilidade de aceitar uma investigação internacional, segundo um porta-voz do governo da Grã-Bretanha. Islamabad rejeita a versão de que a ex-premiê foi atingida por três tiros disparados momentos antes de o homem-bomba se explodir perto do carro. O porta-voz do Ministério do Interior, Javed Iqbal Cheema, disse no sábado que o partido de Benazir era “bem-vindo” para fazer uma autopsia, que não foi feita por decisão da família. Mas Zardari rejeitou a hipótese de uma exumação.Na sexta-feira, o governo paquistanês apresentou a transcrição de um suposto telefonema de Mehsud a outro radical, no qual ele comemora o assassinato de Benazir. Um porta-voz de Mehsud, no entanto, afirmou que ele não teve participação no atentado

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