segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Lula ajuda a eleger no NE, mas repele votos no Sul e Sudeste

Por Leandro Beguoci
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um bom cabo eleitoral para os candidatos a prefeito do Nordeste. No Sul e no Sudeste, tira mais votos do que traz. O governador Aécio Neves (PSDB) tem boas chances de colocar seu candidato no segundo turno. Luiz Henrique da Silveira (PMDB), de Santa Catarina, pode até tirar.Pesquisa Datafolha realizada entre 26 e 29 de novembro em nove capitais mostra que em Recife, Fortaleza e Salvador, respectivamente, 38%, 29% e 26% dos eleitores dizem que o apoio do presidente a um candidato à prefeitura poderia levá-los a optar pelo nome. Apenas 10% em Recife, 15% em Fortaleza e 13% em Salvador declaram não votar em alguém que tenha Lula a seu lado.O quadro se inverte no Sul e no Sudeste. Em Florianópolis, 34% rejeitam candidatos ligados ao presidente; o número é de 25% em Curitiba, 24% em São Paulo, 23% no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte e 22% em Porto Alegre.Em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, 14% dos eleitores dizem que poderiam votar em candidatos apoiados por Lula. O índice sobe para 15%, em São Paulo e Belo Horizonte, e para 21%, no Rio de Janeiro.A margem de erro é de cinco pontos percentuais, para mais ou para menos, com exceção das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro-onde a margem de erro é, cada qual, de três pontos e quatro pontos percentuais.Portanto, no Rio de Janeiro há empate técnico entre os que se dizem dispostos a votar em um candidato apoiado por Lula e os que reprovam postulantes ligados ao presidente. Em Belo Horizonte e Porto Alegre também há empate técnico, mas a probabilidade maior é que, em 2008, o voto anti-Lula seja maior do que o pró-Lula.O resultado atual lembra a eleição de 2006, quando o presidente foi derrotado por Geraldo Alckmin (PSDB) no Sul e bateu o tucano no Nordeste.
Governadores
A pesquisa Datafolha mostra os três governadores que mais transferem votos no país: Aécio Neves (PSDB-MG), Eduardo Campos (PSB-PE) e Cid Gomes (PSB-CE). Também traduz em números um recado: as capitais da região Sul estão dispostas a votar em nomes da oposição tanto ao presidente quanto a seus governadores.Em Minas, 42% das pessoas dizem que poderiam escolher o candidato apoiado por Aécio; 14% rejeitam o nome ligado ao atual governador. Dentre os nomes pesquisados pelo Datafolha, ele é o maior "transferidor" de votos. Campos também aparece bem: 32% de simpatia por seu candidato e 12% de rejeição. Cid Gomes tem 30% e 21%, respectivamente.Em São Paulo, o candidato apoiado por Serra tem mais chances de reverter apoio em voto do que o postulante de Lula: 23% dos eleitores se dizem propensos a escolher alguém que conte com o governador a seu lado, contra 15% que afirmam o mesmo para o presidente. O quadro se repete no Rio de Janeiro: enquanto 27% dos pesquisados afirmam que poderiam votar no candidato de Sérgio Cabral (PMDB), 21% votariam no escolhido por Lula.A liderança do ranking negativo da influência cabe ao governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), de Santa Catarina: mais de um terço do eleitorado (38%) se recusa a votar em alguém ligado a ele.Roberto Requião (PMDB-PR) e Yeda Crusius (PSDB-RS) vêm logo em seguida, com 30% de rejeição a seu candidato, cada um. Poderiam votar em postulantes apoiados por Silveira 15% dos eleitores. O índice vai a 17% para Requião e cai para 10% com Yeda Crusius.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou paranaense e moro em SC. O resultado prático desta pesquisa do DataFolha é um só: o Sul está sendo esquecido pelo Governo Federal em detrimento de um maior investimento público no Norte/Nordeste, berços eleitorais de coronéis e de "amigos do pudê" ligados ao presidente Lula. E nem ainda nós aqui espernearmos: o Norte/Nordeste tem muitos mais eleitores que aqui. Mas podemos ser os fiéis da balança numa decisão apertada. É o Sul dando o recado: trate de olhar com mais zelo e atenção para nós Lula ou vai perder novamente aqui. E nem venham dizer que o repelimos por ser nordestino, aquela velha balela que o PT tenta acalentar. Sendo competente terá sempre nosso voto.