sábado, 9 de fevereiro de 2008

IBGE gastou em cartões 46% do total do governo federal

Por Rafael Gomide
na Folha de São Paulo

Campeão de gastos em cartões corporativos em 2007, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) responde por quase a metade (45,6%) dos R$ 75,6 milhões gastos dessa maneira por todo o governo federal e por 99,8% das despesas do Ministério do Planejamento. A maior parte é sacada em dinheiro.O IBGE conta com 1.703 cartões ativos, 14,7% dos 11.510 em toda a administração federal, mas gastou 45,6%.O órgão afirmou à Folha que o montante elevado no ano passado se deve à contagem da população do ano passado e ao censo agropecuário. Segundo o IBGE, os cartões são usados para o deslocamento de pessoal pelo interior do país, onde é necessário portar dinheiro.Na pesquisa de população, cerca de 80 mil recenseadores visitaram mais de 5.400 municípios com menos de 170 mil habitantes, de abril a agosto; na agropecuária, 5,7 milhões de propriedades agrícolas foram visitadas. O diretor-executivo do IBGE, Sérgio Côrtes, afirmou que o sistema de prestação de contas está aberto a qualquer cidadão e ofereceu acesso à Folha.São Paulo é o Estado que mais consome recursos por essa modalidade de despesa: R$ 3,872 milhões. Os Estados do Amazonas, com gastos em cartões corporativos de R$ 2,51 milhões, e do Pará, com R$ 2,25 milhões vêm em seguida.Os quatro funcionários que mais usaram o cartão em São Paulo, somando R$ 294 mil, sacaram em dinheiro mais de 90% de suas despesas.Um funcionário do escritório paulista do IBGE consumiu R$ 98,2 mil em 2007. Só R$ 1.293 não foram em saques com o cartão. A maior parte dos saques foi no valor de R$1.000.No Rio, na Administração Central do órgão, a funcionária Teresa Millions usou R$ 6.772 em 2007, sendo R$ 3.200 na loja Queijos e Vinhos Ipanema Ltda., em 12 de abril e 17 de maio, além de R$ 300 na padaria Montes Claros e R$ 1.517,38 na Grande Rio Papelaria. De acordo com a assessoria de comunicação, Teresa Millions é a responsável por gastos na seção e por coquetéis para a divulgação de pesquisas.Em 12 de abril, o IBGE apresentou pesquisa industrial mensal de emprego e salário; em 17 de maio foi apresentada pesquisa anual do comércio.José Haroldo da Rocha Teixeira, um dos "prefeitos" de sedes do IBGE no Rio, consumiu R$ 20.575, a maior parte em material de construção. De acordo com o IBGE, ele é responsável pela manutenção de uma extensa sede do órgão em Parada de Lucas, subúrbio do Rio, daí os gastos em lojas como "Luminosa Luzes e Jardins", "Casa do Acrílico", "Lucas Máquinas e Ferramentas" e "Direção Certa Material de Construção".É o mesmo caso de Eduardo Novais, "prefeito" da sede da Rua General Canabarro, na Grande Tijuca (zona norte), que gastou R$ R$18.849. Ele sacou R$ 14.750 em dinheiro, e aplicou o restante em lojas de ferramentas, lustres e alumínio.

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