terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Com aval de Lula, PT e PSDB voltam a negociar fim da reeleição

Por Catia Seabra
na Folha de São Paulo

Com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT e PSDB voltaram a negociar o fim da reeleição no país. Embora iniciada já no ano passado, a articulação política teve de ser suspensa após revelada pela Folha.Mas, na semana passada, o assunto foi alvo de muitas conversas. Esteve, por exemplo, no cardápio do jantar oferecido pelo governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), em Belo Horizonte. Serra também discutiu a idéia com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB).Lula, por sua vez, teria repetido -inclusive a tucanos- que sempre foi contra a reeleição. Hoje, a derrubada agradaria a pelo menos três dos principais atores políticos do país: Lula, Serra e Aécio.Sem direito à reeleição, Serra aplacaria restrições à sua candidatura, podendo até conquistar apoio de Aécio para a eleição em 2010. Hoje com 47 anos, Aécio poderia se comprometer com a eleição de Serra se contemplado por um acordo para as eleições presidenciais seguintes. Já Lula teria a chance de tentar nova eleição sem enfrentar um adversário no comando da máquina administrativa. A proposta em discussão é a de adoção de mandato de cinco anos.Ano passado, o fim da reeleição foi objeto de discussão entre o governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), e o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), um dos principais articuladores políticos de Serra. Aécio chegou a defender publicamente a proposta. Mas enfrentou oposição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.A idéia agora é ressuscitar oficialmente a proposta só depois das eleições municipais, neutralizando resistência de prefeitos. Escolhidos ainda sob as regras atuais, os eleitos para um primeiro mandato em outubro poderiam tentar a reeleição em 2012.A mesma lógica valeria para os governadores eleitos para um primeiro mandato em 2006. Nesse caso, haveria direito à busca do segundo mandato.Apesar do apoio, o fim da reeleição não é fácil. Como exige mudança constitucional, depende da aprovação de uma emenda: dois terços da Câmara e do Senado.

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