sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Lula muda agenda e hoje faz ato de campanha com Marta

Por Vera Rosa
no Estado de São Paulo

Pressionado pela direção do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alterou na última hora sua agenda para socorrer a campanha de Marta Suplicy, que entrou em crise após divulgação de pesquisa Datafolha, apontando 17 pontos de vantagem do prefeito Gilberto Kassab (DEM) sobre ela. Para ajudar Marta a quebrar resistências à sua candidatura, Lula vai acompanhá-la hoje, no fim da tarde, num encontro com pastores evangélicos.O presidente relutava em entrar na campanha nesta semana, mas uma avalanche de pedidos o fez mudar de idéia. Motivo: o tempo para reverter a difícil situação de Marta é exíguo, já que a eleição é no dia 26. De qualquer forma, embora a vitória na capital paulista seja considerada fundamental para o projeto de poder do PT e do governo, em 2010, Lula age com cautela para não se associar diretamente a uma eventual derrota.O chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, também foi escalado pelo PT para ajudar Marta a se aproximar da Igreja Católica e dos evangélicos. Ex-seminarista, ele terá como missão conversar com padres e pastores que torcem o nariz para ela por causa de seus projetos polêmicos, como a ampliação do direito ao aborto e a união civil entre homossexuais."Eu me propus a ajudar nessa área porque o meio em que transito melhor é o dos religiosos, dos evangélicos", disse Carvalho ao Estado. Aborrecido com o fogo amigo petista, indicando que sua presença significaria intervenção federal na campanha, o assessor presidencial afirmou que essa interpretação é "absurda" e chegou a reavaliar a conveniência de sua participação."Pelo amor de Deus, não há nada de intervenção", garantiu. "Vou tirar férias na semana que vem para participar de algumas campanhas do PT em São Paulo, não é só a da Marta. Pretendo também ajudar em Santo André e em São Bernardo. Isso é uma coisa da minha cabeça, não tem nada a ver com o presidente."Se por parte do PT Carvalho foi alvo de fogo amigo, da trincheira inimiga recebeu elogios. "É uma garantia de que não vamos ter baixaria nesta campanha", defendeu, em Santos, o governador José Serra, principal aliado de Kassab. "Vamos ter uma campanha de nível porque eu conheço pessoalmente o Gilberto Carvalho e eu sei que ele é uma pessoa de nível."
REJEIÇÃO
Além de tentar fisgar a classe média, o foco da campanha de Marta é diminuir seu alto índice de rejeição, na casa dos 35%. Pesquisas encomendadas pelo PT revelaram que muitos evangélicos alimentam antipatia pela candidata. No mês passado, ela discutiu com pastores da Igreja Batista ao sair em defesa dos direitos dos homossexuais. "Se for para xingar homossexual, desacatar e dizer que está doente, sou contra, sempre", afirmou na ocasião. "Com toda minha formação de psicanalista e na área de homossexualidade, não posso ser a favor dessa posição."Agora resolveu pedir socorro a Lula.

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