terça-feira, 7 de outubro de 2008

A hora de costurar alianças

Por Fernanda Thurler e Renata Victal
no Jornal do Brasil

Aberta a temporada de alianças políticas para o segundo turno, é hora de apressar o passo. Quem for mais ágil, leva. Tudo indica que Eduardo Paes (PMDB/PTB/PP/PSL) saiu na frente não apenas nas urnas. Além de ter avisado ontem que já negocia com o PT, PDT e PSC, o candidato marcou coletiva de imprensa hoje para anunciar oficialmente o apoio do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que no primeiro turno esteve coligado com o PCdoB de Jandira Feghali. Paes também avisou que não quer conversa com o atual prefeito Cesar Maia (DEM). Já Fernando Gabeira (PV/PSDB/PPS) preferiu cautela. Anúncios de alianças, provavelmente, só serão feitos amanhã, afirmou o candidato, que não descarta conversar com Maia e até mesmo com o religioso Marcelo Crivella (PRB). O candidato só faz questão de frisar que não oferecerá cargo algum em troca de alianças.
– Os partidos serão aceitos desde que aceitam também a decisão de que não vão ocupar a máquina administrativa. Já falei com alguns deputados. O importante não é compor uma sopa de letras de partidos, mas convencer os eleitores que não votaram em nós – contou Gabeira, adiantando o nome de Marcelo Freixo (PSOL). – Gostaria que ele (Freixo) estivesse próximo da nossa experiência porque é presidente da CPI das Milícias. Ter o apoio dele e do Chico Alencar seria bom. Quero distância dos ficha sujas.
Tudo indica que o estilo do é pegar ou largar de Gabeira seduziu o DEM. Na noite de ontem, depois de longa reunião em Brasília, o partido declarou que apoiará os candidatos do PSDB e PPS e que, no Rio de Janeiro, soma esforços para o adversário de Paes. Mais cedo, antes de saber da decisão, Gabeira já havia dito que o apoio do prefeito será importante.
– Eles já estão há 16 anos no governo, conhecem bem a máquina, conhecem bem os problemas e se eles tiverem boa vontade nesse processo de transição, a cidade vai lucrar – ressaltou Gabeira. – O fato de ter vivido problemas semelhantes e saber como foram resolvidos em outras épocas, deve ser levado em conta. Por isso a boa relação com o prefeito Cesar Maia é interessante.
Para o cientista político da Uerj, Manuel Sanches, o apoio de Maia a Gabeira vai além das facilidades num eventual governo de transição.
– O que importa são a máquina e os recursos do grupo de empresários que tradicionalmente financia as campanhas do atual prefeito. Essa aliança pode representar facilidades como carros, combustível e serviços de gráfica.
Quanto ao número de votos que esse apoio pode representar para o candidato do PV no segundo turno, Sanches é mais comedido.
– A maior parte dos eleitores de Solange já migrou para Gabeira ainda no primeiro turno.
Gabeira, que classificou Paes como "uma pessoa capaz, enérgica e dedicada", não ouviu do adversário nenhum elogio. Ontem, o peemedebista centrou fogo nas negociações e no contato com os eleitores. Nada de tom amistoso em relação ao adversário. Em entrevista coletiva, Paes disse que espera poder construir uma ampla aliança.
Paes disse que também está estabelecendo contato com o PRB de Marcelo Crivella e o PCdoB de Jandira, mas negou ter procurados os candidatos. Sobre a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o peemedebista está confiante. Paes diz ter certeza de que seu passado como oposição no Congresso não impede a aliança.
– Eu acho que todos nós temos embates políticos e sabemos superar isso. O presidente Lula é um homem que tem demonstrado um carinho enorme pela cidade do Rio.
Pela manhã, o peemedebista recebeu em sua casa na Barra da Tijuca a visita do ministro Carlos Lupi (PDT) e da secretária estadual de de Assistência Social e Direitos Humanos, Benedita da Silva (PT).
– O Rio de Janeiro precisa de uma força politica que possa unir a cidade. Pretendo me unir a partidos que queiram mudanças para a cidade – afirmou Paes.
Benedita da Silva disse que o PT ainda não definiu posicionamento:
– Ainda não me reuni com os representantes do partido, mas estamos conversando.
Já o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, demonstrou estar mais com o pé no palanque do PMDB.
– Eu disse que ao Paes que tenho uma dificuldade de caminhar ao lado do Gabeira porque ele está representando a oposição.
O presidente do diretório municipal do PT, Alberes Lima, afirmou ter maioria para aprovar a aliança com Paes, ex-opositor do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. Lima desmentiu informações sobre uma ala do PT favorável a Gabeira.
– Estão dizendo que há um núcleo do PT que defende o Gabeira. Eu quero conhecer esse pessoal, porque não conheço não.
Ciente da declaração do representante petista no Rio, o candidato verde deixou claro que pretende negociar com pessoas, não com partidos, e que vai procurar Alessandro Molon:
– Participamos de muitos debates juntos e compartilhamos algumas propostas. Vou procurar o Molon.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Carlos.

Cesar Maia anunciou apoio do DEM ao Gabeira. Isso torna ainda mais difícil a tarefa do candidato verde de trazer alianças de esquerda.

A não o apoio do PSOL que está praticamente garantido. Chico Alencar deve anunciar apoio.