quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Duda depõe na Bahia e não descarta voltar a trabalhar para o PT

Por Luiz Francisco
na Folha de São Paulo

O publicitário Duda Mendonça disse ontem, após depor no processo do mensalão na Justiça Federal em Salvador, que "está criando" uma empresa de consultoria para campanhas políticas.Duda, que é processado por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, não descartou a possibilidade de voltar a trabalhar para o PT. "Talvez sim, por que não?", disse a jornalistas, após ser questionado a respeito.Ao juiz Cristiano Miranda de Santana, o publicitário repetiu sua versão sobre os fatos revelados durante o escândalo do mensalão. Disse desconhecer a origem dos R$ 10,5 milhões pagos a ele pelo empresário Marcos Valério por meio de depósitos em conta aberta por Duda no Bank Boston Internacional, em Miami.Valério é acusado de operar o esquema de compra de votos a partidos da base aliada do governo federal, que ficou conhecido como mensalão."Não sei a origem do dinheiro, mas o meu trabalho foi honesto. Na época, o Marcos Valério me disse que a única forma de receber o dinheiro era abrindo uma conta no exterior", disse. Após detalhar ao juiz o funcionamento de uma campanha eleitoral, Duda disse que já prestou conta de "todas as acusações". O publicitário afirmou que assumiu a sonegação e pagou multa de R$ 4,3 milhões.Segundo Duda, os R$ 10,5 milhões que recebeu no exterior foram para quitar dívidas da campanha de 2002 do presidente Lula, do senador Aloizio Mercadante (PT), da ex-governadora Benedita da Silva e do candidato derrotado do PT ao Senado pelo Rio, Edson Santos.Sócia de Duda Mendonça na CEP (Comunicação e Estratégia Política Ltda), Zilmar Fernandes também prestou depoimento ontem no processo. Disse ter conhecido Valério "no final de janeiro ou início de fevereiro de 2003", na sede do PT em São Paulo.Zilmar disse também que não era comum a CEP receber pagamentos em espécie de candidatos ou partidos, mas que isso já "aconteceu algumas vezes". De acordo com a sócia de Duda, todo o cronograma de pagamento à CEP era de conhecimento de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.Ao final do depoimento, Duda disse que não se arrependeu de ter trabalhado para o PT. Zilmar não quis dar entrevistas.

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