sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bush apresenta hoje "princípios" de pacote

Na Folha de São Paulo

O presidente dos EUA, George W. Bush, vai apresentar hoje os "princípios" da sua proposta para estimular a principal economia do mundo, em uma tentativa de evitar que ela entre em recessão. Segundo a Casa Branca, as medidas a serem anunciadas por Bush serão temporárias e de curto prazo."Ele falará sobre os tipos de políticas que, acredita, irão produzir medidas temporárias e efetivas para aumentar o crescimento no curto prazo", afirmou o porta-voz da Casa Branca Tony Fratto. Antes, havia dito que o governo quer aprovar ""rapidamente" o pacote no Congresso. A crise econômica é a maior preocupação do eleitor americano em ano de eleições presidenciais.Segundo Fratto, Bush considera que ainda é "muito cedo" para apresentar a proposta final. Líderes do Congresso americano, com quem Bush discutiu ontem um esboço do plano, afirmaram que o pacote pode chegar a até US$ 150 bilhões.A proposta do governo deve incluir restituição em impostos de US$ 800 para indivíduos e de US$ 1.600 para domicílios, segundo a Bloomberg. Já as empresas poderão deduzir 50% do preço de compra de novos equipamentos neste ano, ainda de acordo com a Bloomberg. O "Wall Street Journal" cita valores menores: restituições de US$ 500 e abatimentos de entre 30% e 50%. Também estaria sendo estudada a eliminação temporária da menor alíquota do Imposto de Renda (de 10%), com os contribuintes recebendo a restituição de forma integral, e não em parcelas.A declaração do porta-voz foi a primeira vez que o governo dos EUA confirmou que Bush apóia um plano de ajuda governamental à economia. Há duas semanas, o republicano afirmou que estudava a possibilidade de criação de um pacote de estímulo fiscal para a economia, mas que não tomaria uma decisão até o dia 28 deste mês, data do discurso do Estado da União, quando esboça planos do governo para o ano.De acordo com o site da CNN, a decisão de Bush de apresentar os fundamentos do pacote de ajuda à economia não foi bem recebida entre alguns políticos democratas. Eles gostariam que o presidente só divulgasse o plano quando já houvesse um acerto sobre as medidas. Segundo Fratto, a conversa foi uma "consulta", e não uma negociação.Também ontem, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, afirmou ser favorável a medidas de estímulos ao crescimento da economia do país. Ele disse que um plano como esse poderia ter como objetivo levar dinheiro rapidamente às mãos dos consumidores, especialmente os de baixa e média renda.Em depoimento ao Comitê de Orçamento da Câmara dos Representantes, ele disse que esforços que envolvam "levar dinheiro a pessoas e empresas para que o gastem em curto prazo" são mais efetivos que outras medidas, como a incorporação permanente ao código tributário dos cortes de impostos já feitos por Bush. "Uma vez mais, não estou expressando nenhuma opinião sobre se é desejável tornar esses cortes permanentes", disse Bernanke, alvo de críticas de que estaria reagindo timidamente à crise.Ele deixou claro seu apoio ao conceito geral de um plano econômico de resgate, desde que seja temporário, para não complicar o quadro fiscal de longo prazo. "Uma ação fiscal seria útil, em princípio", e poderia oferecer "apoio mais amplo à economia" do que o Fed pode fornecer sozinho por meio de reduções nas taxas de juros, afirmou Bernanke.E ressalvou que "a forma e a maneira de implementação do programa fiscal são cruciais".Quando questionado pelos legisladores quanto aos efeitos de um pacote de estímulo fiscal de US$ 100 bilhões, Bernanke disse que o impacto seria "significativo", não simplesmente "decorativo". Houve sugestões de pacotes cujos valores poderiam variar de US$ 50 bilhões a US$ 150 bilhões, o que ele considerou uma faixa "razoável".Restituições de impostos podem ser úteis, acrescentou. "Levar dinheiro às mãos das pessoas de renda baixa e média é produtivo no sentido de causa e efeito rápido", pois elas tendem a gastar depressa qualquer dinheiro adicional que recebam, afirmou. Pesquisas mostram que os mais ricos gastam apenas parte das restituições.Algumas cláusulas temporárias de isenção de impostos sobre despesas e de depreciação patrimonial acelerada para as empresas também poderiam estimular gastos e ajudar a economia, disse Bernanke. Mas advertiu esperar que "o Congresso resista à tentação de fazer uma longa lista de coisas" que tornariam a legislação mais complicada e que talvez não tivessem grande efeito de curto prazo sobre a economia.O presidente do Fed previu crescimento mais lento em 2008, mas sem recessão. Nos últimos dias, vários bancos, como Goldman Sachs e Merrill Lynch, e Alan Greenspan, o antecessor de Ben Bernanke no Fed, disseram que os Estados Unidos já estão em recessão ou em breve entrarão nela.

Nenhum comentário: