segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Decisão sobre CSLL terá voto de 88 políticos ajudados por bancos

Por Wilson Tosta
no Estado de São Paulo

Um em cada sete dos parlamentares que decidirão se aprovam a elevação da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 9% para 15%, proposta pelo governo após o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), teve parte dos gastos de campanha financiada pelo setor bancário em 2002 e 2006. Um levantamento feito pelo Estado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que estão nessa situação 24 dos 81 senadores (29,6%) e 64 dos 513 deputados (12,4 %). Ao todo, são 88 políticos - 48 oposicionistas e 40 aliados do governo.
O recordista foi o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que em 2006 recebeu R$ 1,6 milhão de quatro bancos - o que respondeu por 13,7% de seus gastos. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), recebeu R$ 400 mil, também de quatro bancos. Oposicionistas como o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), com R$ 210 mil, e o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), com R$ 80 mil, estão na lista daquele ano.A ajuda financeira a partidos e candidatos não representa, em si, nenhum ilícito. As contribuições foram registradas de acordo com o que pede a legislação eleitoral. Para alguns analistas, no entanto, a situação criada com esse tipo de apoio dá margem a muita discussão. “Esses parlamentares deveriam se dar como impedidos de votar qualquer projeto sobre bancos”, diz o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS). Ele faz uma comparação com a situação de juízes que, nos tribunais, se sentem impedidos quando têm que julgar questões “que envolvem minimamente os seus interesses”. Para o historiador Marco Antonio Villa, a ajuda dos bancos a candidatos não é, por si, determinante: “Há deputados que votam sempre com o governo independentemente de quem os financiou”. A origem do financiamento, em sua opinião, não deveria comprometer o voto de um Congresso com valores éticos fortes. “Mas em um Congresso como o atual, é possível que a ética seja atropelada”.
BENEFICIADOS
As planilhas do TSE apontam, em 2006, contribuições feitas por 20 bancos, num total de R$ 11.431.670,00. Não há preferências partidárias: a lista de beneficiados inclui tanto políticos do DEM ou do PMDB como do PPS ou PC do B, por exemplo. Unibanco, Bradesco e Itaú aparecem como os principais doadores, com valores acima de R$ 2,3 milhões cada. A lista de congressistas que receberam ajuda expressiva inclui a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA, R$ 500 mil), o senador Osmar Dias (PDT-PR, R$ 600 mil) e o candidato a governador derrotado em Mato Grosso do Sul Delcídio Amaral (PMDB, R$ 400 mil). Em 2002, a ajuda dos bancos a candidatos ao Senado que se elegeram - e continuam no Congresso - somou R$ 1.880.260, em valor não corrigido. Dos 13 beneficiados, quatro receberam contribuições em 2006: Virgílio, Roseana, Dias e Cristovam Buarque (PDT-DF).

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