terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Derrota hoje em New Hampshire pode enterrar pretensão de Hillary

Por Patrícia Campos Mello
no Estado de São Paulo

Uma derrota na primária de hoje em New Hampshire deve ter um alto custo para a senadora democrata Hillary Clinton, na opinião de especialistas em pesquisas. A média das últimas sondagens feitas pelos dez principais institutos de pesquisa dos EUA dá a vitória ao também senador democrata Barack Obama, que teria 37% das intenções de voto. Hillary aparece em segundo, com 29%.Na última sondagem realizada pela emissora de TV CNN/WMUR, Obama tem vantagem de 9 pontos sobre Hillary: 39% a 30%. John Edwards tem 16% e Bill Richardson, 7%. Andrew Smith, diretor do Centro de Pesquisas da Universidade de New Hampshire e responsável pelas sondagens, disse ao Estado que uma derrota por 10 pontos ou mais “enterraria” a candidatura de Hillary. Isso porque uma vitória em New Hampshire e Iowa normalmente leva a um salto de 15 a 20 pontos porcentuais nas pesquisas. “Seria um impacto muito grande, do qual dificilmente Hillary se recuperaria.” Com duas derrotas seguidas, sua aura de “inevitabilidade” e “elegibilidade” se enfraqueceria muito. Antes de Iowa, muita gente não votava em Obama porque não acreditava que ele pudesse vencer. E pensavam: “Eu não gosto muito da Hillary, mas ela consegue vencer os republicanos”, diz Smith. Se Obama vencer, a tese da inelegibilidade de Obama cai por terra de vez. Para Smith, Obama facilmente conseguirá arrebanhar 40% dos votos hoje. Ele não acredita que Hillary possa repetir a história de “comeback kid” de seu marido, Bill Clinton. Clinton foi o último candidato democrata a ganhar a indicação do partido mesmo depois de perder tanto em Iowa como em New Hampshire. Mas, segundo Smith, há muita diferença entre os dois. Clinton contava com o apoio da mídia, para começar. “Hillary, em contrapartida, tem a antipatia da mídia, depois de várias ligações ameaçadoras de integrantes de sua campanha, no meio da noite, para repórteres”, diz. Para ele, tudo depende de como uma eventual derrota de Hillary será percebida pela mídia. “Se ela perder por 8 pontos e isso for encarado como uma lavada, ela está acabada”, diz. “Se sua campanha conseguir transformar isso em uma recuperação, pode haver salvação para a candidatura; mas eu não acho que a imprensa vá dar colher de chá para ela.” Obama, assim como Howard Dean e Bill Clinton, é o candidato que personifica mudança. Normalmente, quem leva a indicação do partido é o candidato do establishment e não da mudança, porque tem mais dinheiro e mais apoio institucional. “Mas o candidato da mudança pode ganhar quando o do establishment não consegue angariar apoio suficiente - isso aconteceu na indicação de Bill Clinton.”Ontem, durante um comício em Portsmouth, Hillary indicou que, mesmo que saia derrotada por ampla margem nas primárias de hoje, seguirá em frente com a campanha. No comício, a senadora se emocionou quase até as lágrimas ao falar sobre seus motivos para buscar a presidência: “Fazemos isto porque nos importamos com nosso país.”

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