segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Alencar diz que pacote é apenas "remendo"

Por Lilian Christofoletti
na Folha de São Paulo

O vice-presidente José Alencar (PRB-MG), 76, afirmou ontem que o pacote econômico anunciado pelo governo federal para compensar a perda de arrecadação com o fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) é um remendo, que não irá "consertar" o país.Alencar disse confiar numa mudança ampla por meio de uma reforma tributária. "Mas, com esses remendos, a gente não vai consertar nunca." Questionado se entendia que o pacote é um remendo, Alencar afirmou que "tudo isso que se faz, não só isso, são remendos".A declaração foi feita ao deixar o hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde se submeteu a três dias de quimioterapia por conta do aparecimento de novo tumor no retroperitônio, região da cavidade abdominal.Também o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), fez ontem críticas ao pacote. De acordo com ele, se o governo optar por fazer um corte radical nas emendas parlamentares o país poderá se transformar em um "paraíso de elefantes brancos"."É preciso ter cuidado, pois corta uma dessas grandes obras e o Brasil fica com projetos gigantescos, como são os dos metrôs, parados. Por conta de uma crise episódica [o fim da CPMF], não dá para fazer com que o Brasil vire um paraíso de obras elefantes brancos. O governo precisa ter cautela."O senador disse que o Judiciário e o Legislativo precisam ser ouvidos antes de o governo realizar os cortes. "Eu estou pedindo a atenção do governo, pois é ele que vai cortar. Só o governo está com a tesoura. O recurso não pertence só ao governo, pertence ao poder Legislativo e ao poder Judiciário e esses poderes precisam ser ouvidos", disse.Para o presidente do Senado, o governo não deve tratar com preconceito as emendas parlamentares. "É como se elas representassem apenas interesses políticos eleitorais, quando se sabe que não é."
Estabilidade
Apesar de criticar a ausência de uma reforma tributária ampla, José Alencar afirmou compreender a iniciativa do presidente Lula em lançar as medidas econômicas na virada do ano. "O governo ficou preocupado com a questão da CPMF por uma razão muito simples, porque representou um rombo de R$ 40 milhões. Um dos fatores mais importantes para a estabilidade monetária é o equilíbrio orçamentário."O vice afirmou que a maior preocupação de Lula é com o retorno da inflação. "Tivemos um período no Brasil de 80% ao mês de inflação, e nós não queremos jamais voltar àquela situação. Daí a razão pela qual temos de cuidar do equilíbrio orçamentário." Sobre a reação da oposição ao pacote, disse que, como democrata, respeita o direito de as pessoas pensarem e dizerem o que querem.Segundo o vice, a Fazenda está preparando uma proposta de reforma tributária a pedido de Lula, que deve ser votada no Congresso rapidamente.

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