segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Os vagabundos que mudam de partido

O senador Adelmir Santana era do DEMO. Amanhã vestirá a camisa do PR. Mais um parlamentar que deixa a oposição para puxar o saco do Lula. Desde o primeiro mandato Lula faz assim: incha os partidos que o envolve no Congresso.
Fiquei intrigado com a mudança deste senador. Por que ele deixou a oposição para se abrigar debaixo das asas da base aliada? Fui pesquisar na internet sobre o que este senador sem voto (já que é suplente de Paulo Otávio que renunciou ao cargo de senador para ser vice do governador José Roberto Arruda do Distrito Federal) disse e fez no tempo em que era oposição. Achei algumas coisas interessantes.
No site G1 de hoje, o senador vira-casaca justificou sua troca de partido da seguinte forma: Saí porque estou na possibilidade de buscar espaço político futuro. Quero concorrer ao Senado em 2010 e a rua do Democratas já estava congestionada.
Como assim “a rua do DEMO já estava congestionada”? Não era isso que Adelmir pensava no final de 2006 (ver post abaixo). No dia 15 de novembro daquele ano, o então suplente do senador Paulo Otávio (DEMO-DF) dizia o seguinte para o site G1: Não fui apenas para compor. Já foi vislumbrada naquela oportunidade a possibilidade de vir a assumir em 2007, tanto que meu partido, o PFL, não abriu mão da primeira suplência. O segundo suplente é do PMDB. O então PFL já pensava em lhe dar uma vaga no senado ao indicar o seu nome para a suplência de Paulo Otávio.
Será que o DEMO ou PFL não deu nenhum espacinho para o fusquinha de Aldemir Santana transitar, sem nenhum congestionamento? Vamos voltar no passado e relembrarmos de um discurso proferido pelo vira casaca, no Senado, no dia 12 de fevereiro de 2007: Fiquei muito orgulhoso e, ao mesmo tempo, cônscio da grande responsabilidade que tenho pela frente ao ser indicado pelo Líder do meu Partido, Senador José Agripino, para participar como titular de três das principais Comissões do Senado: Assuntos Econômicos, Constituição, Justiça e Cidadania, e Infra-Estrutura; e como suplente de outras quatro Comissões: Meio Ambiente, Educação, Desenvolvimento Regional e Assuntos Sociais.
Pois é. O líder do partido de Adelmir Santana lhe dá a possibilidade de integrar três Comissões do Senado e mesmo assim o PR receberá (com certeza de braços abertos) o senador sem voto Adelmir Santana. No PR não há congestionamento. Tanto que, quando era só PL, o dinheiro do valerioduto corria solto, sem nada pela frente para atrapalhar. Vejam a gratidão de Adelmir Santana.
O senador sem voto e vira casaca defendia as reformas. Todas as reformas conforme o mesmo discurso do dia 12 de fevereiro deste ano: E não somente a reforma política que já está na ordem do dia desta Casa. Falo das reformas tributária, fiscal, trabalhista, sindical e da Previdência. Urge reformar o Estado brasileiro, limpando-o da gordura burocrática que está nele encravada desde os tempos da colônia portuguesa. E o Congresso Nacional pode e deve ter uma atitude pró-ativa em relação às reformas. Alguns desses projetos já se encontram aqui, sendo analisados em comissões técnicas da Câmara e do Senado. O momento é oportuno para que os Presidentes das duas Casas, de forma integrada com as lideranças partidárias, priorizem o debate e a votação desses projetos. Vamos criar no Legislativo uma agenda positiva: a agenda das reformas!
Um dos itens da reforma política que Adelmir tanto defendia no seu discurso é a fidelidade partidária. Pelo visto, o nobre senador não é tão fiel assim. Ele está nem aí se o Supremo Tribunal Federal julga que o mandato pertence ao partido e não ao parlamentar.
Dias atrás ele foi sondado pela turma do Planalto para deixar a oposição de lado e integrar a base aliada. Vocês acham que ele foi para o PR de graça? Tanto o governo como os vira casaca negam qualquer acordo. Pelos discursos citados acima e retirados do próprio site do Senado mostram que não se pode confiar nas palavras de Adelmir Santana. Não se pode confiar nas palavras dos políticos. Como diria Diogo Mainardi na sua coluna do dia 10 de outubro de 2007: Mas o que pode acabar prevalecendo no Brasil, com um mínimo de sorte, é o conceito radicalmente democrático de que precisamos incrementar os mecanismos de alerta contra os políticos. Porque todos eles – é um fato – são vagabundos. Os corredores do Congresso Nacional estão congestionados. Congestionados de vagabundos querendo trocar de partido para puxar o saco de Lula e ganhar algum mimo.

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