domingo, 7 de setembro de 2008

Como não sentir orgulho disso aqui?

E o dia 7 de setembro de 2008 caiu num domingo. Não teve feriado. Não teve jeito de ver aquele amontoado de carros descendo a serra rumo ao mar ou pegando a BR e indo para Caldas Novas. Domingo é um paradão e feriado cair num domingo faz alguma diferença?
Não me interessei em procurar na internet algum texto que falasse sobre o grito do Ipiranga dado há 186 anos atrás. Talvez são os mesmos textos do ano passado que o editor resolve publicar outra vez agora já que ele sabe que o leitor vai estar com preguiça mesmo de rever o que foi escrito no ano passado. Sabe como é, dia da independência, feriado...
Aí eu lembro da minha infância. Lembro do Colégio Agostiniano. Ah, que saudades... Lembro que tinha a semana da pátria. A professora passava umas tarefinhas para a gente fazer. Eu pintava as cores da bandeira brasileira com o maior cuidado. E, é lógico, sempre mostrava para o meu pai e minha mãe. Ficava feliz ao vê-los felizes com a minha bandeira.
E a semana da pátria terminava com os alunos agostinianos no pátio do colégio, enfileirados, prestes a cantar o hino nacional. Eu colocava a mão no peito e cantava o hino. A professora falava para a gente olhar para a bandeira sendo hasteada. Eu olhava. Eu poderia não tirar notas boas, mas era obediente à professora.
Confesso que sentia uma ponta de inveja daqueles alunos que hasteavam a bandeira. Uma frustração. Ficava imaginando eu ali olhando para a bandeira, as meninas me olhando. Voa imaginação, voa! Eu pensava que os alunos escolhidos para tal ato patriótico eram preferidos pelas professoras. Quem não queria ser preferido pela professora? Hoje imagino que estes “escolhidos” nem se lembrem mais que um dia, numa semana da pátria do Colégio Agostiniano, hastearam a bandeira do Brasil.
Hoje não existe mais este negócio de patriotismo. Não amamos a Banânia. Sabemos que estêpaiz é um lugar cheio de falação. Todo mundo fala que seremos finalmente a nação do futuro quando, de repente, alguma coisa de ruim acontece. Os militares tentaram criar este ânimo de “ninguém segura estêpaiz”, mas acabaram engolidos pelo fracasso econômico na década de 1970.
Tem petróleo numa área muito profunda do oceano. Tão profunda que, para chegar lá, é preciso passar por uma camada de sal. É como diz o Agamenon hoje no Globo: O uso excessivo de pré-sal causa hipertensão. É isso. Ao invés de louvar os feitos nunca vistos nestêpaiz é melhor a gente tirar um sarro. A melhor coisa a fazer é uma piada sobre o Brasil, é atacar o Brasil e seus apedeutas ladrões do dinheiro público. Se fizermos isso, com certeza, estaremos dando uma grande contribuição para a nação que surgiu depois de Dom Pedro segurar o barro de Santos até São Paulo. Não teve jeito. Sentou num montinho perto do Riacho do Ipiranga, se aliviou, e gritou feliz que havia conseguido a independência daquele troço (ou trôço) que o incomodava há muito tempo. Como era o cara mais importante da comitiva, seus seguidores repetiram o berro, afinal, manda quem pode e obedece quem tem juízo. O Brasil é o país da piada pronta. Parece mais com o Chaves (o mexicano). A gente sabe o que vai acontecer, mas sempre assiste e se diverte. Como não sentir orgulho destêpaiz?
Ai, Colégio Agostiniano... Que saudades da semana da pátria! Que frustração por não ter sido o escolhido para hastear a bandeira! Mas como era bom fazer piadas sobre os professores e os padres... Como não sentir orgulho disso aqui?

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