domingo, 23 de novembro de 2008

E a Pedagogia,,,

Já estou imaginando a fúria dos pedagogos quanto à entrevista da antropóloga Eunice Durham nas “Páginas Amarelas” da revista Veja desta semana. Eu sou pedagogo e concordo plenamente com a antropóloga. Ao invés de ensinar o conteúdo, ao invés de ensinar o conhecimento que a humanidade produziu, os professores preferem atacar o imperialismo norte-americano, defender Cuba e fazer com que os alunos acreditem que o socialismo triunfará (eles estão tão atrasados que, no mundo deles, o Muro de Berlim ainda existe).

Não só no curso de Pedagogia, mas em todos os cursos de formação de professor o que falta é estudo. Falta o futuro pedagogo sentar, pegar o livro e colocar a cachola para funcionar. Infelizmente o que nós vemos nestes cursos é uma adoração ao método Paulo Freire (Putz, em pensar que minha monografia foi sobre ele...). Quem lê os livros dele acha que a educação não só pode mover montanhas como acabar com o capitalismo e melhorar o mundo através da transformação do sujeito (não sei por que eles falam “sujeito” e não indivíduo).

Quinta feira passada, fazendo meu tortuoso relatório final de estágio, fui pesquisar e alguns textos da Pedagogia alguma coisa que pudesse ser complementada no relatório. Na hora que li os textos percebia que o arranca rabo de classes predominava. Ao invés de fazer um estudo completo sobre a educação, prefere-se manter o chavão de que a classe operária é oprimida pela ganância burguesa e que só a educação pode mudar isso. E quem disse que educação é instrumento da tal revolução que os esquerdistas querem implantar? Educação é para todos, todos conhecerem o que foi produzido pela humanidade.

Diz a antropóloga Eunice:

As faculdades de pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria. Mais grave ainda, muitos desses profissionais revelam limitações elementares: não conseguem escrever sem cometer erros de ortografia simples nem expor conceitos científicos de média complexidade. Chegam aos cursos de pedagogia com deficiências pedestres e saem de lá sem ter se livrado delas. Minha pesquisa aponta as causas. A primeira, sem dúvida, é a mentalidade da universidade, que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.

Eu não diria que a universidade supervaloriza a teoria em detrimento a prática. A universidade mostra ao aluno um mundo que poderia ser possível, um mundo onde todos pudessem ser irmãos e todos viveriam em fraternidade, felizes para sempre. Eu também quero isso, mas tenho que ter na cabeça que, se eu sair agora na rua, um malandro pode roubar minha carteira. O problema é que o recém-pedagogo sai da faculdade acreditando neste mundo maravilhoso que pode ser construído e, quando tenta construir, acaba se esbarrando numa escola cujas regras são rígidas ou mesmo os alunos que não querem saber de “unidos construiremos o conhecimento”. Daí o pedagogo entra na sala com um monte de textos de Paulo Freire, só para começar, e acabam levando na testa um papel arremessado pelo aluno comediante da sala. E ai? O que Paulo Freire diz sobre isso? Chamar a coordenação de deixar o aluno não sei quantos dias fora da escola para “refletir”? Mas isso não seria reprimir o aluno, reprimir o potencial que existe dentro dele?

Sou pedagogo, mas não defenderei nenhuma bandeira. A antropóloga Eunice Durham está correta. As faculdades de pedagogia precisam de menos Paulo Freire e mais estudos, mais livros, mais bibliotecas.

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