sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Polícia prende 40 e aponta desvio de R$ 200 mi em AL

Por Luiz Francisco, Cíntia Acayaba e Leonardo Souza
na Folha de São Paulo

A Polícia Federal prendeu ontem ao menos 40 pessoas ligadas a um suposto esquema de fraudes na folha de pagamentos da Assembléia Legislativa de Alagoas. Entre os detidos estão o ex-presidente da Casa Celso Luís (PMN), o deputado estadual Cícero Ferro (PMN), um prefeito e servidores. O ex-governador do Estado Manoel Gomes de Barros, que estava entre os presos, foi libertado na noite de ontem, beneficiado por um habeas corpus.Estima-se que o grupo tenha desviado R$ 200 milhões de 2001 a 2006. Segundo a PF, o desvio mensal era de cerca de R$ 4 milhões -metade do orçamento da Assembléia.A suposta quadrilha, sempre segundo a PF, empregou 200 funcionários fantasmas e laranjas na Assembléia. Além disso, desviou o IR (Imposto de Renda) que deveria ser descontado no pagamento desses servidores irregulares.O grupo também inflava o valor do imposto acima do que seria correto recolher e repassar ao Fisco. A PF estima que a Receita tenha pago R$ 2 milhões somente em restituições fraudadas. Outro modo de atuação era a obtenção de empréstimos consignados sobre a folha de pagamento da Casa.O ex-governador Barros (1997-1999, pelo PTB), pai do deputado estadual Nelito Gomes (PMN), e o deputado Ferro foram presos em flagrante por porte ilegal de arma. Na casa de Ferro foram encontradas uma metralhadora, uma espingarda calibre 12, duas pistolas e um revólver -todas de uso restrito.Também foram detidos o ex-comandante da PM José Acírio Nascimento e Rafael Albuquerque, irmão do presidente da Assembléia, Antonio Albuquerque (DEM). A fazenda de Antonio Albuquerque, que é aliado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), foi alvo de busca e apreensão -duas armas foram recolhidas. O prefeito de Roteiro, Flávio Jatobá (PTB), e um agente da PF suspeito de vazar dados para a suposta quadrilha também foram presos.
Cerco
A Assembléia, que funciona provisoriamente na Associação Comercial de Maceió por causa de uma reforma, amanheceu cercada por policiais. Assessores e secretárias foram presos.A operação, batizada de Taturana, cumpriu 79 mandados de busca e apreensão e 40 de prisão em oito cidades de Alagoas, Pernambuco e São Paulo. O nome é alusão à lagarta que come folhas continuamente.A suposta fraude começou a ser apurada há um ano e seis meses, a partir de reclamações de pessoas que não conseguiam fazer a declaração como isentas por aparecer na Receita como funcionárias da Assembléia.O delegado Janderlyer Gomes, que chefiou a operação, disse que os 27 deputados alagoanos podem ter até 25 funcionários. Para atingir o número, alguns são suspeitos de preencher vagas com funcionários fantasmas, que receberiam de R$ 500 a R$ 5.000.O delegado disse que houve busca e apreensão no gabinete e nas casas de dez deputados estaduais, incluindo Ferro, e nas dos demais envolvidos. Ferro foi o único deputado preso, por causa do flagrante de porte ilegal de arma.Os outros nove deputados foram intimados ontem a depor. Os integrantes do esquema serão indiciados sob suspeita de estelionato, crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva e formação de quadrilha.

Nenhum comentário: