terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Nada a declarar

O atrito entre o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, e o senador Marconi Perillo é mais um exemplo do quanto o governo estadual está perdido. Marconi diz que o secretário de Governo Fernando Cunha lhe informou, num encontro reservado, que era alvo de espionagem. Cunha teria enviado o recado de Cidinho. Ontem, Cidinho disse que não mandou nenhum recado, que não sabia de nada (todo governante não sabe de nada). Ninguém sabe se Cidinho sabia da espionagem. Ninguém sabe se Fernando Cunha mandou o recado para Marconi a mando de Cidinho. Ninguém sabe quais adversários teriam feito a espionagem que Marconi suspeita. O único que sabe alguma coisa nesta história é Sócrates. Ele só sabe que nada sabe.
O governo Cidinho está perdido. Não tem um plano, não tem um caminho a ser seguido. Como pode Cidinho mandar recado para o secretário de governo Fernando Cunha (um recado importante como um caso de espionagem) se até pouco tempo atrás ele era um mero coadjuvante, um tucano no governo cidista só para alegrar o ninho do PSDB? Até bem pouco tempo atrás se dava muito mais atenção a Roberto Balestra, secretário extraordinário de ninguém- sabe- o- que, do que para Fernando Cunha.
Outro exemplo do governo sem direção é a reforma administrativa. Cidinho passou onze meses elaborando esta tal reforma. Onze meses! E olha que a dívida de Goiás é muito grande. Ninguém sabe o motivo de tanta demora. Ninguém sabe a origem da dívida. Ninguém sabe por que o governo tratou esta reforma com tantos segredos. Os próprios secretários de governo não sabiam de nada sobre a reforma. E agora não sabem como cortar os gastos, demitir os comissionados e entregar o resultado conforme o parâmetro estabelecido por Jorcelino Braga, secretário da Fazenda e marqueteiro da campanha de Cidinho nas eleições do ano passado. Ninguém sabe se a dívida do estado (como mostrei aqui em posts passados já era anunciada em alguns veículos de comunicação goianos) preocupava Jorcelino quando montou a campanha de Cidinho. Para que fazer tanta promessa se o estado estava quebrado? Será que ninguém sabia disso? Será que Cidinho, ao assumir o governo no dia 1º de abril de 2006, não tinha ciência do rombo nas contas públicas? Não houve transição entre os governos Marconi Perillo (que deixava o cargo para disputar uma vaga no Senado) e Cidinho que assumia para, logo em seguida, disputar a reeleição? Não, ninguém sabia de nada. Neste governo ninguém sabe de nada, ninguém fala nada, ninguém pergunta nada. Um governo que não tem nada a declarar, ou melhor, só declara que nega o que teria declarado.

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