sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Com só 46 votos pró-CPMF, governo faz cerco a "rebeldes"

Por Valdo Cruz e Silvio Navarro
na Folha de São Paulo

Para evitar uma derrota, o governo adiou de ontem para a próxima terça-feira a votação da CPMF em primeiro turno no Senado. Com no máximo 46 votos garantidos, o Palácio do Planalto decidiu partir para o tudo ou nada com os aliados rebeldes, buscando atender seus pedidos de cargos e verbas.Além disso, aposta que o adiamento dará tempo aos governadores tucanos para virar votos dentro do PSDB.Um líder governista disse à Folha, sob condição de anonimato, que o Planalto decidiu abrir sua "caixa de ferramentas" nessa reta final.O governo quer colocar a CPMF em votação quando tiver 49 votos da base aliada assegurados, o número mínimo para aprovar a prorrogação do tributo até 2011. No entanto, precisa convencer mais três rebeldes: Romeu Tuma (PTB-SP), César Borges (PR-BA) e Geraldo Mesquita (PMDB-AC). O voto de Expedito Jr. (PR-RR) já estaria garantido com o atendimento de pleitos do senador em seu Estado.Segundo a Folha apurou, o senador conseguiu a promessa do governo de ceder uma área do Exército em que o governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), estava construindo o Teatro Estadual, em Porto Velho. Outros terrenos de propriedade federal também poderão ser repassados ao Estado. Aliado do governador, Expedito pretende tentar suceder Cassol em 2010.Além de 49 votos da base, o governo busca 4 votos de democratas e 3 de tucanos. Ontem, parte da bancada do PSDB reuniu-se reservadamente para tratar da pressão dos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), que têm procurado os senadores do partido para pedir apoio ao governo.Líder da sigla, Arthur Virgílio (AM) ameaçou deixar o cargo se o partido votar dividido. Ao menos três senadores do PSDB estariam dispostos a prorrogar a CPMF: Lúcia Vânia (GO), Eduardo Azeredo (MG) e Cícero Lucena (PB). "Nunca escondi que sou favorável à prorrogação, com redução gradual da alíquota, mas fui voto vencido", disse Lúcia.O governo espera contar com o apoio dos governadores José Roberto Arruda (DEM-DF) e Blairo Maggi (PR-MT) para fazer os senadores do Democratas Adelmir Santana (DF), Jayme Campos e Jonas Pinheiro (ambos do MT) votarem a favor da CPMF. A Folha apurou que Maggi disse ao ministro Guido Mantega, ontem na Fazenda, que Campos e Pinheiro vão votar a favor do tributo.Ainda confiante na vitória, o presidente Lula prepara, porém, um discurso responsabilizando a oposição por uma eventual derrota na votação.Ontem, ele deu sinais do que pretende dizer, em Belém: "Se eles [senadores] votarem contra têm que ir para cada casa e mostrar quem é o senador responsável por deixar milhões de pessoas sem os benefícios desse programa [Bolsa Família]".Segundo o presidente, "alguma coisa vai deixar de ser feita no país" caso a prorrogação do chamado imposto do cheque seja derrubada.

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