segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O golpista Dirceu

Clarissa Oliveira, Fausto Macedo e Moacir Assunção
no Estado de São Paulo

A eleição interna promovida ontem pelo PT tornou-se palco para manifestações em favor da candidatura própria em 2010 e desmentidos sobre manobras por um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, enquanto candidatos à presidência petista adotavam o tom tranqüilizador, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu surpreendeu ao dizer que uma articulação em favor do novo mandato seria "legal e constitucional".Dirceu, deputado cassado e réu no caso do mensalão, não defendeu a manobra, mas frisou que o PT só não lança a proposta porque não quer. "O terceiro mandato é legal e constitucional. Ou a reeleição do Fernando Henrique não foi legal e constitucional?", indagou o petista, em referência ao processo que instaurou a reeleição, no governo tucano. "Outra coisa é se nós concordamos com isso. Não queremos no Brasil um presidente reeleito três vezes."O ex-deputado disse que o PT deve apresentar um nome para a sucessão de Lula, mas destacou que a vaga da coalizão não necessariamente será do partido. "Uma coisa é o PT ser candidato, outra coisa é o candidato ser do PT", comentou. Ao citar possíveis presidenciáveis, Dirceu destacou a ministra do Turismo, Marta Suplicy. "A Marta se consolida cada vez mais como a candidata, porque ela é que tem voto." Ele listou, ainda, a sua sucessora na Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador da Bahia, Jaques Wagner.Mais magro, o que atribuiu à academia, Dirceu votou no bairro da Vila Mariana, zona sul de São Paulo, em favor do deputado Ricardo Berzoini (SP), atual presidente do PT e candidato à reeleição no chamado Processo de Eleições Diretas (PED).Também disputaram o comando do PT os deputados Jilmar Tatto (SP) e José Eduardo Martins Cardozo (SP); o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar; o ex-deputado Gilney Viana; além de Markus Sokol e José Carlos Miranda. A primeira contagem parcial dos votos será divulgada hoje e o resultado só virá no fim de semana - a demora se explica porque a votação é manual.Filiados também votaram para escolher os presidentes petistas nas esferas municipal e estadual, além da composição de diretórios e comissões. A expectativa da direção era de levar cerca de 300 mil filiados às urnas.
PRIORIDADE
A polêmica do terceiro mandato foi comentada por Berzoini, que votou em Cidade Ademar, na zona sul. Acompanhado dos filhos, ele classificou a discussão como "artificial" e disse que essa é questão "enterrada" no PT. A prioridade, ponderou, é viabilizar um nome para 2010. "Se eu quiser fazer um prognóstico para 2010, eu digo que o PT vai ter candidato", disse. "Mas, para ter um candidato viável, é preciso construir isso." Árduo defensor da candidatura própria e representante da chapa Partido é para Lutar, Tatto completou: "Nossos aliados têm o direito de apresentar candidato, mas o PT, por sua força na sociedade e sua projeção, também deve ter candidato."Candidato do grupo Mensagem ao Partido, Martins Cardozo seguiu um discurso semelhante ao de Berzoini sobre o terceiro mandato. "Se essa discussão não está enterrada, deveria estar", declarou.O ministro da Justiça, Tarso Genro, um dos principais articuladores da candidatura de Martins Cardozo, comentou no Rio Grande do Sul que Lula tem condições de conduzir uma coalizão de centro-esquerda para apontar o seu sucessor.
SEM SENTIDO
Citada por Dirceu como alternativa para 2010 e apontada na última pesquisa Datafolha como nome mais forte no PT para a vaga, Marta evitou polêmica. "Não tem sentido nenhum fazer pesquisa três anos antes", afirmou a ministra.

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