sábado, 17 de maio de 2008

Para PF, amigo de Paulinho agia no BNDES

Por Roberto Almeida
no Estado de São Paulo

A Progus Consultoria & Assessoria, empresa capitaneada por Marcos Vieira Mantovani, preso pela Polícia Federal durante a Operação Santa Tereza, apresenta como produto a redução de 40% no tempo para operar um financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo documento da consultoria - que utilizava os serviços de João Pedro de Moura, lobista e amigo do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força -, a espera cai de 390 para 235 dias.Mantovani, considerado pela PF consultor da quadrilha que teria desviado recursos do BNDES, teria o apoio de Moura e do então assessor do deputado Roberto Santiago (PV), José Brito de França, exonerado do cargo. De acordo com os federais, Moura percorreu cerca de 200 prefeituras dando como referência sua amizade com Paulinho, além de circular ao lado do então conselheiro de administração do BNDES, Ricardo Tosto. Ao mesmo tempo, Brito fazia mais contatos com outras prefeituras.No leque de opções aberto por Moura e Brito, Francisco Morato (SP) tornou-se alvo da Progus. De acordo com a PF, Mantovani fez "tratativas para um financiamento" para iluminação urbana da cidade, com obras da Citéluz Ltda. A PF suspeita que o negócio seria uma nova investida, como a que resultou em cobrança de propina na operação de Praia Grande.
NEGOCIAÇÕES
Segundo troca de e-mails obtida pelo Estado entre o grupo e a Prefeitura de Francisco Morato, representada pelo assessor Joel Aquino, a Progus trabalhava em conjunto com a Pole Representações Comerciais e Participações Ltda., representante da Citéluz em São Paulo, para convencer o funcionário de que o projeto era de seu interesse.No dia 28 de janeiro, Mantovani e Moura estiveram na Prefeitura de Francisco Morato e, segundo Aquino, apresentaram um programa de iluminação urbana. "Todos estiveram aqui. João Pedro entrou mudo e saiu calado. Mantovani falou bastante, explicou tudo", disse. No dia seguinte, às 9h08, chega o primeiro e-mail à Prefeitura de Francisco Morato. "Segue questionário e um comparativo referente às formas de gestão pública da iluminação", escreve Alexandre Pole, que representaria a empresa, a Aquino. Os dados correspondem aos divulgados pela Citéluz. Já no dia 7 de março, às 12h43, Alexandre Pole relata o andamento das negociações: "Agora falta o mais simples: quem da Prefeitura de Francisco Morato nos enviará os valores que eles pretendem investir em obras de iluminação pública nos próximos cinco anos".Mantovani encaminha a demanda ao coronel Wilson Consani Junior, preso pela PF, e a Brito: "Vejam a pergunta abaixo que o Alexandre (Pole) fez e me respondam o mais breve possível". Segundo Aquino, a proposta "era bastante interessante, daria economia de 20% com contrato de risco". Aquino então procura saber a quem deveria pedir estudo de viabilidade do projeto. "Brito me respondeu que era para pedir o estudo para a Progus. Perguntei: Mas a Progus faz consultoria para essa empresa (Pole)? Brito disse: É mais ou menos isso?."Quando Aquino pede à Progus o estudo, Mantovani contesta: "O que precisava mesmo é a intenção da prefeitura de investir na iluminação pública para os próximos 5 anos. E já discutimos os valores que seriam de R$ 800 mil por ano. Este e-mail deverá vir específico." Aquino diz que, por não conseguir o estudo da Progus, teria cortado relações com o grupo.

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