quarta-feira, 14 de maio de 2008

Ex-assessor de deputado tem sigilo quebrado

Por Fausto Macedo
no Estado de São Paulo

A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal do lobista João Pedro de Moura, amigo e ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, e de duas organizações não-governamentais (ONGs) que teriam sido beneficiadas com R$ 119,5 mil repassados por integrantes do grupo acusado de desvio de recursos do BNDES.Uma das ONGs é a Meu Guri, presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho. A outra é a Luta e Solidariedade que, segundo a Polícia Federal, é presidida por Eleno Bezerra, vice-presidente da Força Sindical e braço direito de Paulinho.A Meu Guri recebeu R$ 37,5 mil de Moura, de acordo com registro bancário de 1º de abril. A Luta e Solidariedade captou R$ 82 mil, depositados por Marcos Mantovani, consultor do esquema BNDES que a Operação Santa Tereza desmascarou.A PF está convencida de que as duas ONGs foram usadas pelo esquema BNDES para fazer o fluxo do dinheiro tomado a título de financiamento.A quebra de sigilo foi ordenada pelo juiz Marcio Ferro Catapani, da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo. A pesquisa compreende os últimos cinco anos e atinge também Mantovani e sua empresa, a Progus Consultoria e Assessoria.Foi decretada ainda a abertura dos dados da Termaq Escavações, da WE Original - boate que seria reduto do esquema - e de seu proprietário, Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco, que está foragido. Foi quebrado o sigilo fiscal do advogado Ricardo Tosto.Ontem, o Tribunal Regional Federal (TRF) abriu inquérito contra o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB). O caso foi distribuído para o desembargador Fábio Priteto.
DEFESA
O prefeito já está nos autos do TRF como "indiciado", mas seu advogado, o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, esclarece: "Mourão não está indiciado, esse termo representa na verdade um cacoete equivocado do cartório do tribunal. Estou absolutamente convicto de que o prefeito não tem nenhum envolvimento com os fatos denunciados. Ele pediu financiamento do BNDES, que foi deferido, mas os repasses demoraram. Diante disso, ele estava tentando abreviar a liberação da verba destinada a várias obras de importância social."O advogado Frederico Crissiuma não vê problema na quebra de sigilo de Moura. "Tudo o que ele tem, sabe explicar. Todas as transações e movimentação bancária têm origem lícita", disse."A quebra do sigilo não é motivo de preocupação da defesa", disse o criminalista Luís Fernando Pacheco, que defende Maneco e a WE. "Nossa preocupação é reverter a prisão preventiva, ilegalmente decretada.""Os dados obtidos com essa medida (a quebra de sigilo) vão demonstrar a absoluta inocência de Ricardo Tosto", afirmou o criminalista José Roberto Batochio. "Essa providência vai ajudar a revelar a verdade."

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