quinta-feira, 15 de maio de 2008

Minc chefiará Meio Ambiente

Por Vera Rosa e Tânia Monteiro
no Estado de São Paulo

Com o objetivo de encerrar o desgaste provocado com a saída de Marina Silva, para virar a página de um rumoroso conflito no Planalto, o governo anunciou ontem que o petista Carlos Minc será o novo ministro do Meio Ambiente. Deputado estadual licenciado e secretário de Ambiente do Rio, Minc foi escolhido para substituir Marina depois que o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT) recusou o convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na conversa com Lula, Viana alegou que sua colega foi vítima de erros do governo na condução do Plano Amazônia Sustentável (PAS).
Apesar de ser do PT, Minc entrará para o ministério com o carimbo de afilhado do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Lula já sondara o secretário dois meses atrás, quando a situação de Marina - que comandava o Meio Ambiente desde 2003 e colecionava desafetos no governo - voltou a se complicar. Às 15h45 de ontem, numa conversa telefônica de 15 minutos, o presidente formalizou o convite. Minc, que está em Paris numa missão oficial, falará pessoalmente com Lula na segunda-feira e assumirá o cargo na próxima semana.A expectativa no Planalto é de que o novo ministro destrave projetos emperrados de licenciamento ambiental para dar impulso ao crescimento econômico. No diagnóstico de Lula, Minc é um ambientalista que "traz soluções, e não problemas".Antes de bater o martelo sobre sua escolha, porém, o presidente sondou Viana, que no fim do primeiro mandato já fora cotado para o cargo.Furioso com a forma "espalhafatosa" com que Marina pediu demissão em caráter irrevogável - apresentando a carta de despedida antes mesmo de falar com ele -, Lula conversou com o ex-governador logo cedo, no Planalto. Apesar de saber das dificuldades de Viana - hoje presidente da fábrica de helicópteros Helibrás - para assumir a cadeira, ele fez mais uma tentativa."Seria uma situação delicada para mim substituir Marina, e o presidente concordou. Mas ele sabe que tem em mim um amigo", comentou Viana. A bancada do PT na Câmara e no Senado e dirigentes nacionais do partido preferiam Viana a Minc porque o ex-governador, que comandou o Acre durante oito anos, é considerado um petista mais "orgânico".Na conversa de mais de uma hora com Lula, Viana não escondeu a insatisfação com o poder conferido ao ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, a quem foi entregue a coordenação do Plano de Amazônia Sustentável, lançado na quinta-feira passada.A nova tarefa de Mangabeira foi a gota d?água para a saída de Marina, que já havia enfrentado Lula em outras ocasiões, comprando briga com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e com o Ministério da Agricultura, por causa da recusa em autorizar licenciamentos ambientais. No Planalto, era comum Lula reclamar que Marina e organizações não-governamentais criavam entraves ao crescimento ao barrar a construção de usinas hidrelétricas, como as do Rio Madeira. "Perco o pescoço, mas não o juízo", reagia ela."Eu disse ao presidente que, com a saída da Marina, o governo perde seu maior ativo na área ambiental e terá de repactuar compromissos, deixando claro que vai cuidar mais da Amazônia, assim como cuida da área social", afirmou Viana ao Estado. Do gabinete de Lula, Viana seguiu para um encontro com Marina, que retornará ao Senado na próxima semana.

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