sexta-feira, 16 de maio de 2008

Na CPI, assessor dirá que Erenice coordenou dossiê

Por Sônia Filgueiras e Vera Rosa
no Estado de São Paulo

O assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), André Eduardo Fernandes, vai sustentar em seu depoimento na terça-feira, na CPI dos Cartões, que o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires lhe disse que Erenice Guerra coordenou a coleta de informações e a montagem do dossiê com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Erenice é secretária-executiva da Casa Civil e braço direito da ministra Dilma Rousseff.André Fernandes também vai apresentar à CPI uma cópia dos e-mails trocados com Aparecido - que deixou o cargo na quarta-feira -, além da planilha remetida pelo ex-secretário. O assessor de Dias deixará o material à disposição dos parlamentares da CPI para eventual exibição no plenário da comissão.Conforme apuração do Estado, o arquivo remetido por Aparecido a André não traz em seus registros o nome do autor da planilha com os dados do dossiê. Tem somente a identificação "Casa Civil". A menção ao nome de Erenice na CPI abre uma brecha para que a bancada oposicionista tente estender as investigações à principal assessora de Dilma, levando a própria ministra a se expor. A oposição já tentou convocar Dilma para depor, mas viu seus requerimentos barrados.A expectativa é de que na terça, além do depoimento de André, a CPI também ouça Aparecido, conforme compromisso firmado por seu novo advogado, Luiz Maximiliano Telesca, com a comissão. O ex-secretário foi apontado por integrantes do próprio governo como suspeito de ter divulgado o dossiê. Laudo preliminar do Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), responsável pela perícia nos computadores da Casa Civil indicou que o arquivo foi remetido a André a partir de uma troca de e-mails entre ele e Aparecido. Logo após a divulgação do laudo, André chegou a comentar com amigos próximos que, em sua avaliação, a remessa do dossiê parecia fazer parte de uma estratégia para chantagear ou intimidar a oposição. É que, além das planilhas com os gastos atribuídos a Fernando Henrique e Ruth Cardoso, o arquivo remetido continha planilhas ainda em branco identificadas com o nome de antigos ocupantes de cargos no Palácio do Planalto, como o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira e o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge.
TROCA DE ADVOGADO
Na contramão da estratégia de André, a troca de advogados feita por Aparecido tem o objetivo de tentar tirar o foco das investigações de cima de Erenice. A mudança é parte de um movimento combinado com o Planalto para preservar Dilma. Formalmente, os advogados Eduardo Toledo e Thomaz Gonçalves de Oliveira, que defendiam Aparecido, retiraram-se do caso em razão de divergências na linha de defesa. Toledo havia sinalizado que poderia discutir a hipótese de que Aparecido recebera as informações de uma "instância superior" por força de seu cargo de chefia, e não por ter participado da coleta de dados sobre gastos do governo tucano. O problema é que isso implicaria a investigação do papel de Erenice no episódio. Antes de encaminhar à Casa Civil seu pedido de exoneração, Aparecido chegou a ameaçar pôr Erenice na fogueira. "Não vou cair sozinho", disse. Depois, foi convencido por amigos de que tal linha de defesa seria frágil.

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