quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Farc anunciam que vão libertar três reféns e entregá-los a Chávez

No Estado de São Paulo

A guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciou ontem que vai libertar três pessoas do grupo de 45 reféns políticos que mantém sob seu domínio e vai entregá-las ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. A informação foi divulgada pela agência de notícias cubana Prensa Latina, após o recebimento de um comunicado assinado pelo secretariado da guerrilha. De acordo com a nota, o grupo rebelde colocará em liberdade Clara Rojas - assessora de campanha da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, com quem foi seqüestrada em fevereiro de 2002 -, o filho que Clara teve com um guerrilheiro no cativeiro, Emanuel, e a deputada Consuelo González de Perdomo, refém desde 2001. No comunicado, as Farc afirmam que entregarão os reféns a Chávez ou a quem ele designar, mas não precisam a data da libertação. A guerrilha também insiste que o governo desmilitarize uma região do país para fazer as negociações.Na nota divulgada a guerrilha também critica a decisão do presidente colombiano, Álvaro Uribe, de ter colocado um fim nas mediações que Chávez vinha fazendo entre o governo da Colômbia e as Farc, com a ajuda da senadora colombiana Piedad Cordoba. As Farc qualificaram a atitude de Uribe como “um ato de barbárie diplomática”. No mês passado, Uribe decidiu encerrar as mediações que Chávez, que qualificou a atitude do presidente colombiano como uma “traição”. Na época, Chávez disse que, se tivesse continuado como mediador, o líder máximo das Farc - conhecido como Manuel Marulanda - teria libertado alguns dos reféns até o Natal.As Farc aproveitaram o comunicado para rejeitar a proposta de Uribe de criar uma “zona de encontro” para negociar o acordo humanitário. Na nota, a guerrilha reafirma sua principal exigência para a troca dos reféns por 500 guerrilheiros presos: a desmilitarização dos municípios de Florida e Pradera, no Departamento de Valle del Cauca, por 45 dias. O presidente explicou ontem que não aceita a exigência da guerrilha porque tem o “dever de evitar que os seqüestros na Colômbia aumentem”.
CHÁVEZ
O presidente venezuelano confirmou ontem ter recebido um comunicado das Farc anunciando que havia ordenado a libertação dos três reféns. “Recebi a resposta de Marulanda adiantando que ele, como um gesto de boa vontade e desagravo, ia ordenar a libertação”, disse Chávez ontem à tarde em Montevidéu, onde participou de uma reunião do Mercosul. “Isso parece ser um bom presente de Natal principalmente para as famílias dessas pessoas.” O líder venezuelano afirmou que agora está determinando quais serão seus próximos passos para recuperar os reféns que serão soltos. “Já temos algumas alternativas e nenhuma é fácil, pois essas pessoas estão no coração da selva, da montanha. Não posso ir até lá recebê-los pessoalmente, como eu desejava.”O ministro do Interior da Venezuela, Pedro Carreño, disse ontem que o governo da Colômbia deve reconhecer o esforço de Chávez no processo de libertação dos seqüestrados. No entanto, Uribe não mencionou Chávez quando comentou o anúncio. O presidente colombiano limitou-se a dizer que as Farc ainda não deram provas de vida de Clara e de Emanuel. “As Farc dizem ter 47 seqüestrados. Entregaram provas de vida de 16, mas não dos outros 31 reféns”, disse Uribe, sem esclarecer os dois reféns que ele citou além do número oficial. Ele também insistiu em sua oferta do início do mês, de que os guerrilheiros que libertarem os reféns receberão benefícios jurídicos e recompensas. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, comemorou o anúncio e disse esperar que a decisão seja confirmada com fatos.A mãe de Ingrid Betancourt, Yolanda Pulecio, pediu ontem ao grupo guerrilheiro que também liberte sua filha. “Dou graças a Deus que a guerrilha tenha tomado essa decisão e não tenho dúvida de que foi por causa da mediação do presidente Chávez”, disse Yolanda.

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