quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Leilão de celular 3G tem ágio acima de 200% e deve arrecadar R$ 6 bi

Por Gerusa Marques e Leonardo Goy
no Estado de São Paulo

O leilão das cinco primeiras licenças de terceira geração da telefonia celular (3G), realizado ontem, superou todas as expectativas dos especialistas, com ágios superiores a 200%. Somente ontem, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) arrecadou R$ 2,4 bilhões, com um ágio de R$ 1,482 bilhão sobre o preço mínimo.O apetite voraz dos competidores pelas freqüências fez com que a agência elevasse a sua previsão de ágio total para 100%. Com isso, deverão ser arrecadados R$ 6 bilhões para os cofres do governo federal com todas as 44 licenças.O superintendente de serviços privados da Anatel, Jarbas Valente, disse que esse dinheiro pode ajudar o governo a administrar o rombo de R$ 40 bilhões causado pela não prorrogação da CPMF. “Com certeza, esse dinheiro ajuda.”As empresas Vivo, TIM, Claro e Oi arremataram as quatro licenças da primeira área, que compreende Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Elas pagarão ao todo R$ 1,9 bilhão - um ágio de 160,45% sobre a soma do preço mínimo de cada lote, que era de R$ 736,5 milhões. A Nextel, apesar de não ter levado nenhuma licença na primeira área, serviu de fator-surpresa, acirrando a disputa até os lances finais.As freqüências da 3G são tão concorridas porque representam uma nova oportunidade de negócios para as operadoras, com a oferta da banda larga. A tecnologia amplia a capacidade do celular, que passa a exercer novas funções, como um computador portátil que se conecta à internet em alta velocidade, exibindo vídeos e imagens de TV. Também pode servir como localizador, indicando o caminho mais próximo ao destino e substituir o cartão de crédito.Nem o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, acreditava em ofertas tão ousadas. No início da manhã de ontem, ele fez uma previsão cautelosa de que o ágio total representaria R$ 700 milhões acima do preço mínimo de R$ 2,8 bilhões estabelecido para as licenças. Até a previsão mais otimista, de R$ 1,2 bilhão de ágio, feita pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, foi alcançada já com a venda da quarta licença.“Não esperava um ágio tão expressivo”, disse Valente. Ele atribuiu o sucesso do leilão ao modelo que combina áreas mais atrativas e regiões com demanda menor, como o Rio de Janeiro e a Bahia.Para licitar a primeira área, a Anatel levou mais de oito horas. Somente depois das 18 horas é que a agência iniciou a licitação das licenças da segunda área, que corresponde hoje à da Brasil Telecom, nas Regiões Sul, Centro-Oeste e parte da Região Norte. A primeira licença foi arrematada pela Vivo, por R$ 528,2 milhões, o que representa um ágio de 132,2%. Depois dessa, a licitação foi suspensa para ser retomada hoje.A expectativa é de que as operadoras que vencerem o leilão comecem a oferecer o serviço em meados de 2008. Até 2015, 3.600 municípios terão cobertura 3G e todo o Brasil terá telefonia celular até o fim de 2009.Segundo Valente, o início das operações 3G deverá reduzir pela metade o preço do serviço de banda larga no País. “Pelo fato que teremos mais competidores, o preço da banda larga deverá cair pela metade a partir do ano que vem”, afirmou Valente, acrescentando que os preços dos serviços de ligação, tanto do pós-pago quanto do pré-pago, deverão baixar ainda mais.

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