domingo, 1 de março de 2009

Collor, Renan, governo e oposição... Que nojo!

Por Kátia Correia
no Jornal do Brasil

A base governista tenta, esta semana, dar uma solução ao nó em que se transformou a escolha dos presidentes das 11 comissões técnicas do Senado, assunto que paralisa a Casa desde o início do ano legislativo e ameaça azedar o relacionamento entre governo e partidos aliados justo onde o Palácio do Planalto não pode contar com maioria dos votos entre parlamentares. O pivô da discórdia é o acordo pré-eleitoral firmado entre a ala do PMDB engajada em levar José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado e o PTB, que apoiou Sarney em troca da promessa de postos na Mesa Diretora da Casa e no comando de comissões.
A adesão à candidatura peemedebista rendeu à legenda a segunda secretaria da Mesa, ocupada pelo senador João Claudino (PI). Dono de sete votos no Senado, o PTB almeja ainda a presidência de uma comissão técnica de destaque. Escalado para a missão, o senador Fernando Collor (AL) desistiu de concorrer com o PSDB pelo comando da Comissão de Relações Exteriores e volta suas atenções, no momento, para a Comissão de Infraestrutura, onde a bancada do PT e o Planalto pretendem abrigar a senadora Ideli Salvatti (SC).
É nesse ponto que mora a maior ameaça de sequelas para a base aliada no processo de definição das comissões. Collor conta com o apoio do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), para quem a ligação com o colega de bancada estadual tem valor considerável. Collor tem nas mãos o controle de um dos maiores jornais do estado, a Gazeta de Alagoas. Elegeu-se senador com apenas 28 dias de campanha em 2006. De olho nesse peso político e no que essa aliança pode significar em 2010, Renan tem sido seu interlocutor frequente e principal articulador de sua candidatura na comissão de Infraestrutura, por onde passarão projetos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) – vitrine da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), à presidência da República.
Justamente por conta da relevância dessa comissão que o Planalto tem se empenhado para colocar em seu comando um nome do PT e de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A tarefa de costurar um acordo menos traumático para a base está com o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR).
– Estamos trabalhando para chegar a um entendimento – diz o parlamentar.
Votação


Jucá e o PT batalham por um acordo para não ter de encarar a eleição direta na comissão, onde Renan e Collor acreditam ter a maioria dos votos entre os 23 membros. Uma das soluções aventadas para evitar o confronto de uma votação naufragou na semana passada. Collor iria para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), prometida ao ex-presidente da Casa, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Este ficaria com o comando da Comissão Mista de Orçamento, a título de prêmio de consolação. Garibaldi, contudo, antecipou o movimento e driblou a articulação.
Diante da fragilidade do governo, a oposição aliou-se a Collor em sua campanha pela Comissão de Infraestrutura. O DEM já controla a Comissão de Constituição e Justiça, que tem na presidência Demóstenes Torres (GO). O PSDB conseguiu acordo para comandar a Comissão de Relações Exteriores e colocou o senador Eduardo Azeredo (MG) à frente da comissão. Uma de suas primeiras medidas será convocar audiência pública sobre o caso da prisão do italiano Cesare Battisti – assunto especialmente incômodo ao governo. Com o apoio da oposição e mágoa pela resistência do Planalto, Collor pode ser um problema para o governo.
O que dizer sobre este cenário lá no Senado Federal? Fernando Collor de Melo voltando com tudo, Renan Canalheiros articulando como se não tivesse transformado a Casa numa extensão do seu banheiro. O governo tentando emplacar seus nomes nas comissões sem afetar os aliados. E a oposição... Bem, a oposição está ao lado de Fernando Collor de Melo. Depois reclamam do meu pessimismo.

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