sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Desemprego é o mais baixo desde 2003

Por Pedro Soares
na Folha de São Paulo

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país fechou 2007 em 9,3%, mais baixo patamar da nova pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cujo primeiro ano completo é 2003 (12,3%). Em 2006, havia sido de 10%.Em dezembro, a taxa chegou à menor marca mensal de toda a série histórica do IBGE, iniciada em março de 2002: 7,4%. Em novembro, havia sido de 8,2%, o recorde anterior.Para Cimar Azeredo Pereira, do IBGE, o cenário de aquecimento da economia -proporcionado especialmente por juros menores, crédito em expansão e crescimento da renda- permitiu "ao mercado de trabalho encerrar 2007 com resultados muito positivos".No ano passado, o número de pessoas ocupadas cresceu 3% e atingiu 20,9 milhões nas seis regiões -São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife. Já o total de desempregados caiu 4,8%, para 2,1 milhões de pessoas.Ainda no rol das boas notícias, Cimar destacou o aumento da formalização do mercado de trabalho e o crescimento da renda -3,2% em 2007."Se olharmos o ano como um todo, o resultado foi excelente, com desemprego e informalidade em queda", afirmou Carlos Henrique Corseuil, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).Pelos dados do IBGE, a proporção de trabalhadores com carteira assinada em relação ao total de ocupados atingiu 42,4%, o mais alto nível desde 2003 (39,7%) e superior aos 41,4% de 2006. Já no caso dos sem carteira, o percentual baixou de 15,5% em 2003 para 13,9% em 2007 -havia sido de 14,8% em 2006."Foi o melhor ano do mercado de trabalho nos últimos tempos. O crescimento econômico impulsionou o número de contratações. Outro fator importante foi a expansão do mercado formal", afirmou Lygia Cesar, economista da MCM Consultores.Já em dezembro, apesar da taxa ser a menor da série, o emprego não cresceu. A queda foi proporcionada pela redução da procura por trabalho. O contingente de empregados oscilou negativamente 0,3% (variação estatisticamente estável, segundo o IBGE) na comparação com novembro. O de desempregados baixou 10,8%, assegurando a redução da taxa.Segundo Azeredo Pereira, o emprego não cresceu com força em dezembro porque muitas empresas anteciparam sua produção, o que explica o desempenho positivo de meses anteriores. Desse modo, a menor procura prevaleceu como fator de redução da taxa de desemprego. "Na última semana de dezembro, ninguém procura emprego por causa das festas de final de ano", disse.Para especialistas, se a recessão que se avizinha nos EUA não for muito severa nem prolongada, o mercado de trabalho não será afetado e o desemprego se manterá estável em 2008. Poderá até cair, caso a economia brasileira se mantenha aquecida, avaliam.Sérgio Vale, da MB Associados, espera "um primeiro semestre ainda positivo" para o emprego, mas já com uma desaceleração a partir de julho. A taxa de desemprego deve ficar em 8,5% em 2008, caso a economia cresça 4,7%, prevê.Romão crê "na manutenção do bom desempenho", com uma taxa estimada também em 8,5%. A previsão considera, diz, apenas uma desaceleração da economia dos EUA, não uma recessão. "É o cenário mais provável, mas está crescendo a possibilidade de recessão, o que pode nos afetar." Para Lygia Cesar, a demanda doméstica sustentará o nível de emprego em 2008, que deve se manter.Já Corseuil diz que a estagnação do emprego em dezembro, provocada pela saída de pessoas do mercado, traz um alerta, pois esse contingente pode voltar a procurar trabalho e pressionar a taxa de desemprego. Sazonalmente, a taxa sobe em janeiro, fevereiro e março com a menor oferta de vagas e a maior busco por um emprego.

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