quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Agente diz em CPI que Abin usou verba secreta na Satiagraha

Por Alan Grip
na Folha de São Paulo

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) utilizou R$ 42,4 mil de sua verba secreta para financiar a participação de agentes na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, revelou ontem à CPI dos Grampos José Ribamar Reis Guimarães, coordenador dos servidores da agência cedidos à equipe do delegado Protógenes Queiroz.De acordo com ele, 75 agentes trabalharam na Satiagraha, sendo 56 em tempo integral. A declaração contradiz afirmações de Protógenes, que atribuiu o número elevado de homens da Abin ao revezamento entre as equipes que colaboravam com a operação.Atendendo a um pedido da Abin, a CPI ouviu Guimarães em uma sala fechada nas dependências da agência. A alegação foi de que o agente atuou infiltrado em organizações criminosas e, por isso, sua exposição o colocaria em risco.Em pouco mais de três horas de depoimento, segundo relato dos deputados presentes, Guimarães reforçou os argumentos de que a participação da Abin na Satiagraha ocorreu fora dos padrões da agência.Segundo relatos de deputados presentes, o agente deixou claro que o uso da verba secreta foi ilegal. Os recursos pagaram alimentação de agentes e aluguel de carros. Outros R$ 337 mil foram gastos pela agência em diárias e passagens aéreas, totalizando R$ 380 mil, valor que se aproxima do gasto da própria PF (R$ 466 mil).Por meio de sua assessoria de imprensa, a Abin afirmou que a participação da agência aconteceu dentro dos padrões normais de colaboração entre as instituições e que a verba secreta pode ser usada com o objetivo de resguardar o sigilo da investigação.O ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Felix, afirmou ontem que a sindicância para apurar suposto envolvimento de agentes da Abin em escutas telefônicas deverá ser concluída em 15 dias.

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