terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Morgan Stanley prevê recessão técnica no Brasil

No Jornal do Brasil

A economia brasileira pode se contrair durante dois trimestres consecutivos no fim deste ano e no início do ano que vem, entrando em uma "recessão técnica", advertiu ontem o Morgan Stanley. O banco de investimento, um dos primeiros a mencionar a possibilidade de recessão no país, espera atualmente que o Brasil cresça cerca de 2% no próximo ano. O banco adiantou, também, que uma perspectiva externa mais pessimista impõe riscos negativos a sua previsão de 2009.
"Um número próximo de zero não pode ser descartado" concedeu o economista Marcelo Carvalho, do Morgan Stanley, em nota, acrescentando que o Brasil "pode cair em uma recessão técnica nos próximos trimestres". "Nós suspeitamos que o debate local nos próximos três a seis meses envolverá a questão sobre se o Brasil já está em recessão, e como fará para sair dela", concluiu.
Carvalho argumenta que o recente crescimento brasileiro foi fortemente apoiado em corte de juros facilitados pelo fortalecimento do real, que ajudou a desacelerar a inflação.
Mas o real se enfraqueceu mais de 20% frente ao dólar desde o começo do ano, com investidores vendendo seus ativos em países emergentes para cobrir perdas em outros mercados.

Bovespa recua

Depois de uma semana surfando em notícias de pacotes para salvar bancos e estimular a economia, uma bateria de dados econômicos desanimadores levou os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo de volta à ponta vendedora.
Em linha com os principais mercados internacionais, o Ibovespa desabou 5,07%, aos 34.740 pontos. O movimento se deu noutra sessão de baixo giro financeiro: R$ 2,74 bilhões, um dos menores do ano.
Queda de um índice de atividade manufatureira dos Estados Unidos ao menor patamar desde 1982, pior desempenho do setor industrial europeu em mais de uma década, fabricantes de celulares cortando metas de vendas de 2009 – esse foi o pano de fundo que produziu perdas acentuadas nos mercados de ações e no de commodities.
Por aqui, o noticiário não foi melhor. De acordo com a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as vendas de veículos no Brasil recuaram 25,7% em novembro sobre outubro.
– Está patente que o mundo está entrando em recessão – observou Newton Rosa, economista-chefe da SulAmerica Investimentos. – Isso esvaziou o otimismo da semana passada, com os anúncios de pacotes para estimular a economia.
Na bolsa paulista, ações de empresas ligadas a matérias-primas foram as mais machucadas. Gerdau desabou 9,1%, para R$ 18,55. Petrobras encolheu 8,3%, a R$ 18,40, numa variação semelhante à registrada pelo barril do petróleo. Vale caiu 6,6%, a R$ 22,89. A queda do índice não foi ainda maior porque a própria desvalorização do petróleo deu fôlego às ações de empresas que têm na commodity um de seus principais custos. Foi o caso das aéreas.
Até o pregão do dia 26, a Bovespa acumula um saldo negativo de R$ 1,36 bilhão em investimentos estrangeiros (vendas de ações superiores às compras), o que representa o sexto mês consecutivo de perdas. Os investidores não residentes representam mais de um terço dos negócios feitos mensalmente na Bolsa brasileira. Analistas lembram que, sem dinheiro de fora, a Bolsa tem poucas chances de recuperação consistente.

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