no Diário da Manhã
Após a vitória de Antônio Gomide (PT) em Anápolis, o partido vai para o centro das atenções nas próximas eleições estaduais em 2010. Se no segundo turno Goiás estava com os olhos voltados para a cidade, nos próximos meses a notoriedade e administração de Gomide serão fatores decisivos para que PT concentre seus esforços na consolidação da aliança com PMDB. Líderes do PT acreditam que a força petista anapolina desenhou outro cenário mais estimulador ao partido: a tese de que a candidatura própria nas eleições estaduais se confirme, com o nome do principal interlocutor do governo Lula em Goiás: o deputado federal Rubens Otoni (PT), também irmão do grande vitorioso no terceiro maior colégio eleitoral do Estado. Por outro lado, líderes acreditam que o PT terá que ter trabalho maior de articulação em 2010, por ter deixado de lançar mão à candidatura própria nas eleições municipais, principalmente em Goiânia.Para petistas e peemedebistas, o novo eixo entre os dois já é dado como consolidado em 2010. No entanto, petistas que foram contra a aliança PT-PMDB nas eleições em Goiânia continuam com o mesmo discurso de que o PT deve se focar em torno de um único projeto. A vereadora Marina Sant’Anna, que foi contra a aliança dos dois partidos no começo do ano, afirma que PT tem obrigação de lançar candidatura própria. No início do ano, após a comprovação do PT rachado nas eleições em Goiânia, ela previa que a aliança com PMDB não duraria um mês. “O partido tem o direito de lançar proposta própria para Goiás. O PT tem experiência e não pode ficar fora do jogo.” Até cita que as discussões sobre o novo eixo em 2010 não podem ficar restritas somente para o ano que vem.
Vice
A exemplo do PMDB que já cogita o nome do prefeito reeleito Iris Rezende para se candidatar a governador, a vereadora atesta que o PT também tem este direito. Frisa também que a vitória de Gomide em Anápolis prova ao partido que ele tem condições de lançar candidatura própria. Acredita que, ao lançar um petista nas eleições de 2010, a relação entre PMDB e PT não ficará estremecida. Em 2006, o cenário nacional possibilitou que os dois partidos protagonizassem falta de sintonia, quando o PMDB havia confirmado intenção de lançar postulação própria à Presidência. É desta tese que o deputado estadual Luiz César Bueno sustenta seu discurso. Avalia que o rumo do novo eixo em Goiás dependerá do cenário político nacional nos próximos meses. Mais contido, considera que, se o PMDB demonstrar desejo de lançar candidatura própria à Presidência, o quadro em Goiás terá outro caminho. “Mas se o PMDB ficar como vice, a relação entre os dois partidos ficará cada vez mais consolidada, e refletirá aqui no Estado”, atesta. Menciona também dois quesitos essenciais que definirão a relação entre PMDB e PT, e possível postulação própria do PT nas eleições. “São dois caminhos que devem ser analisados, como aliança do PMDB e candidatura de Henrique Meirelles, porque vai depender de qual partido ele será.”O deputado estadual Humberto Aidar também concorda. Fala que as definições de aliança em nível de Goiás dependerão das articulações nacionais. Na avaliação dele, é difícil imaginar o desfecho no Estado, já que a aliança está praticamente consolidada, mas ao mesmo tempo o PT recupera o fôlego para se tornar protagonista em 2010. “Defendo a candidatura própria, mas ainda tem processo longo de união. O PT também não precisa necessariamente fazer aliança com o PMDB para ter nome próprio.” Defensor de postulante único no partido, Aidar também foi contra no início do ano à aliança entre PT e PMDB. Até alfinetou companheiros petistas que votaram a favor da união entre os dois partidos. Não esconde o desejo do nome de Otoni para 2010. Considera que embate nas eleições estaduais é maior do que as municipais e que deputado federal se cacifou com a vitória do irmão. “Gomide provou que partido tem estrutura. Ele terá que articular mais, e enfatizar mais relação com Lula, para se tornar maior ainda no partido.” Opositor à reeleição de Iris, o deputado Mauro Rubem também defende postulação própria do partido. Afirma que o PT deve se projetar neste ideal e estar aberto também às negociações, em especial, com a base aliada do governo federal. No momento, adianta que o PT, em Anápolis, deve fazer seu dever de casa, buscar composição forte na chapa, para estar preparado ao embate em 2010. “Gomide foi a grande surpresa em Goiás. O PT foi apoiado pelos eleitores e atestou que a candidatura própria deve ser discutida”, analisa. Cauteloso, Otoni prefere acreditar que o resultado em Anápolis certamente fortalece o PT no Estado. Diz que o desempenho na cidade coloca o partido no centro das decisões políticas em Goiás, mas pondera que é preciso maturidade e equilíbrio para definir o rumo nas eleições estaduais. “É importante lançar nomes novos e únicos para a disputa, mas lembro que ninguém ganha eleição sozinho. Antes de candidatura própria, é preciso garantir uma forte aliança com partidos políticos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário