quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Governadores tentam derrubar CPI

por Martin Fernandes
no Estado de São Paulo

Já começa a fazer efeito a pressão do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, contra a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que pretende investigar o Corinthians e a MSI. Até ontem, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Adelmir Santana (DEM-DF), Mão Santa (PMDB-PI) e Papaléo Paes (PSDB-AP) haviam informado intenção de retirar suas assinaturas do pedido de instalação da CPI. O requerimento de criação da comissão foi protocolado na terça-feira à noite pelo senador Alvaro Dias (PDT-PR) e pelo deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), no mesmo dia em que o Brasil foi anunciado como sede da Copa de 2014. Mas, para que a CPI mista seja efetivamente instalada, é preciso que o requerimento seja lido em sessão conjunta das duas casas, o que deve acontecer na próxima semana, segundo as previsões otimistas de Torres. Até lá, porém, deputados e senadores que endossaram o pedido de criação da comissão podem retirar as assinaturas. Torres e Dias conseguiram o apoio de 209 deputados e 38 senadores - o mínimo necessário era de 171 e 27, respectivamente.A movimentação para o esvaziamento começou na Suíça, onde estavam até ontem Ricardo Teixeira e uma dúzia de governadores - que viajaram a Zurique para acompanhar a cerimônia da Fifa e tentar fazer lobby para seus respectivos Estados.Assim funciona: Teixeira pressiona os governadores, que pressionam os deputados e senadores. A moeda de troca é a possibilidade de organizar jogos da Copa em 2014. Quem quer partidas em seus estados deve ser contra a CPI. Segundo o Estado apurou, os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Pará, Ana Júlia Carepa (PT) e Distrito Federal, José Roberto Arruda (PSDB), seriam os mais empenhados em derrubar a CPI. Os três estiveram em Zurique a convite de Teixeira.O senador Álvaro Dias, um dos articuladores da CPI, diz que a pressão externa “diminui o parlamento” e que seus colegas devem ter “independência”. A intenção inicial da CPI é apurar irregularidades na parceria entre Corinthians e MSI, já alvo de duas investigações por parte da Polícia Federal. “Mas as investigações podem ficar mais amplas, contra qualquer crime de lavagem de dinheiro que envolva o futebol do Brasil”, observa Silvio Torres.A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do bloco de apoio ao governo, também é contra a criação da CPI. “Não acrescenta nada às investigações que já estão em curso”, justifica. Ideli disse ainda que desconhece a pressão de Teixeira sobre os governadores. “Se isso acontece, só posso lamentar”, diz. “Duvido que ele consiga constranger a Polícia Federal.”

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