sábado, 3 de novembro de 2007

Eu me arrependi ou O luxo de Cidinho

Walter Junqueira escreve um artigo hoje no Diário da Manhã com o título “O preço da reforma”. Ele reclama dos deputados estaduais que pediram para o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, a liberação de verbas para atender as emendas individuais em troca da reforma administrativa do Rei Cid passar pela Assembléia Legislativa sem nenhum impedimento ou obstáculo.
Ele não se arrepende de ter votado em Marconi Perillo, Cidinho e Lula. Eu me arrependi de ter votado em Lula em 2002. Sempre quando o assunto aqui em casa cai para aquela eleição eu abaixo a cabeça. Cai no conto do Duda Mendonça. Meu Deus, tenha misericórdia de mim. Bem, vamos voltar ao texto de Junqueira.
O artigo é bem ácido. Condena as práticas dos deputados que fazem de tudo para se beneficiar e não satisfazer a vontade do povo. Todo mundo sabe que político é corrupto. Todo mundo sabe que político é ladrão. Todo mundo sabe que político só vota projeto de acordo com a sua vontade própria e que só vota se o executivo liberar uma verbinha, trocando em miúdos, um mensalão, uma esmola, pelo amor de Deus. Porém, todo mundo sabe que os mesmos picaretas voltam à cena política. Paulo Maluf roubou os cofres paulistas. Onde ele está hoje? Na Câmara dos Deputados, em Brasília, como se nada tivesse acontecido. Como ele chegou lá? Com o voto do povo, o mesmo povo que Walter Junqueira defende no seu artigo contra a fome de poder dos políticos. Isso sem contar Fernando Collor de Melo subindo na tribuna do Senado e dizer, sem nenhuma vergonha na cara, que o impeachmeant contra ele foi um golpe. O que os outros senadores fizeram? Nada! Simplesmente se calaram. Aliás, a jornalista Dora Kramer escreveu um bom artigo no Estado de São Paulo contestando o discurso do ex-caçador de marajás. Collor roubou o dinheiro do povo, confiscou a poupança. Hoje ele é senador. Quem o colocou lá? Isso mesmo, o povo que Walter Junqueira defende com unhas e dentes contra a fome voraz dos políticos malvados. Nem vou estender a lista dos políticos safados que ainda estão em Brasília como os mensaleiros João Paulo Cunha e Waldemar da Costa Neto.
Chegamos no ponto máximo do artigo de Walter Junqueira. Escreve ele: Aqui em Goiás, enquanto o governador faz das tripas coração para conter despesas e não infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal, dispensando funcionários comissionados e exigindo de todos absoluto respeito ao orçamento, nossos deputados mostram a cara e deixam cair a máscara.
Como é que é? Cidinho “faz das tripas coração” para conter despesas? Assim não, Walter Junqueira. Se Cidinho realmente estivesse com enorme vontade de economizar não iria para Suíça assistir a cerimônia de confirmação do Brasil como sede da Copa de 2014, na sede da Fifa. E o Brasil era candidato único! Ou era o Brasil, ou na pior das hipóteses, a sede da Copa seria no Brasil. Enquanto a imprensa nacional critica o bonde de governadores liderados por Lula, a imprensa goiana não fala nada. Ou melhor, prefere enaltecer a presença do Rei Cid lá na sede da Fifa fingindo acreditar que Goiânia vai sediar alguma coisa quando a Copa chegar aqui no Brasil. De onde será que veio o dinheiro que bancou a passagem de Cidinho para a Suíça? Isso mesmo, do bolso do povo que Walter Junqueira defende no seu artigo.
Eu disse num post anterior e volto a repetir: esta reforma administrativa não vai dar em nada. Se a reforma fosse para cortar despesas, o próprio governador seria o primeiro a não gastar além do que o estado paquidérmico é capaz de agüentar. Mas, Cidinho foi lá na Suíça aplaudir as baboseiras de Ricardo Teixeira sobre a violência no Brasil e posar para fotos com a mão na taça.
Todo o ódio que Walter Junqueira expressa no seu artigo é mais um artifício para defender Cidinho. O Palácio das Esmeraldas não será o único culpado pelos custos da reforma, os deputados também têm parcela de culpa nisso. Coitado do Cidinho, né? Pobre homem que faz das tripas coração para economizar. Malvados deputados estaduais que pedem emendas individuais para assinar um cheque em branco para o Rei Cid. Todo mundo sabe que todo político é vagabundo, mas de quatro em quatro anos vemos os mesmos rostos nas mesmas cadeiras do parlamento. E quem colocou a cambada no Poder Legislativo? Isso mesmo, o povo, o trabalhador, o sofrido, “uzoprimidu”.
Walter Junqueira não se arrepende de ter votado em Marconi, Cidinho e Lula. Destes três só votei em Lula e me arrependi. Graças a Deus eu me curei da esquedopatia a tempo. Agora, o luxo de Cidinho é ofuscado por aqui. Tanto as mordomias dos deputados como o luxo do Rei Cid quem paga é o povo. Afinal, foi o povo que colocou vossas excelências onde estão. Os mesmos políticos que gozam, literalmente, de mordomias são os mesmos que recebem milhões de votos em todas as eleições.
Enquanto a imprensa goiana adula os políticos Lula, Cidinho, Marconi, Barbalho, Maluf, Sarney e seus satélites são eleitos pelos “zoprimidus” que bancam as mordomias destes senhores, mas não esquecem dos seus números na hora de entrar na cabine de votação.
Walter Junqueira fecha seu artigo falando que está faltando para vossas excelências uma verbinha para o motel. Acho que isso não é tão relevante assim. Mais do que uma verbinha para o motel está faltando mesmo é camisinha para essa gente. Renan Calheiros que o diga!

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