quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Péres reage e diz que não é 'chantageável'

por Rosa Costa
no Estado de São Paulo

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse ontem que não é “chantageável” e que não tem “esqueletos no armário”. “Canalhas de todos os matizes, eu não sou como vocês: ética, para mim, não é pose, não é bandeira eleitoral, não é construção artificial de imagem para uso externo”, avisou, ao comentar reportagem publicada pela revista Veja no final de semana, segundo a qual ele estaria sendo vítima de chantagem por ter aceitado relatar a mais documentada denúncia contra o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - a de que ele usou laranjas na compra de duas rádios e um jornal em Alagoas. Renan nega. A publicação cita dossiê contra Péres que, entre outros itens, traz DVD apontando o seu “indiciamento” no processo que há 30 anos existiu contra a Siderama (Siderurgia da Amazônia S.A.), onde o senador foi diretor administrativo. Em discurso no plenário, o próprio Péres deixou claro não acreditar no envolvimento de Renan na divulgação da suspeita, por entender tratar-se de um procedimento pautado por seus desafetos políticos em seu Estado. O mesmo entendimento têm os senadores que há meses - e não só agora, por causa da relatoria - receberam o DVD no gabinete. “Se São Francisco de Assis e Jesus Cristo fossem diretores da Siderama, também teriam sido arrolados ao inquérito”, afirmou o senador.Segundo Péres, a Siderama, em dificuldades financeiras, foi acusada de não repassar descontos do Imposto de Renda feitos dos empregados. Mais tarde, a Justiça inocentou os diretores, alegando que a Sudam, que encampara a siderúrgica, devia à Superintendência da Zona Franca de Manaus em incentivos fiscais retidos - o que ela não repassava - “cinco vezes mais do que a Siderama devia ao fisco”, contou.“Quem são os autores dessa ignomínia?”, questionou Péres. “Imagino alguns, mas não vou apontar o dedo: primeiro, porque não tenho provas e, segundo, porque não cruzo minha espada com facão de bandido, como diria um político lá do Amazonas”, completou o relator de um dos quatro processos contra Renan no Conselho de Ética.O senador voltou a negar que sua mulher tenha sido ou seja funcionária em seu gabinete. Ele leu texto do diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, negando que tenha pedido passagens extras para uma suposta amante. Renan lhe mandou uma carta negando participação no procedimento. Também leu trechos do ofício em que a Agência Brasileira de Inteligência nega ter investigado sua vida.

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