quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Renan analisa proposta para se licenciar do cargo e tentar preservar mandato

GABRIELA GUERREIRO
RENATA GIRALDI da Folha Online, em Brasília


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), passou a manhã desta quinta-feira em sua residência oficial, localizada no Lago Sul de Brasília, reunido com assessores. Ele recebeu a visita de dois aliados: o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) e o governador de Alagoas, Teotônio Vilella (PSDB). A Folha Online apurou que Renan estaria analisando uma proposta para se licenciar da presidência do Senado.
Pela proposta em estudo, Renan se afastaria do
comando do Senado, pelo menos, até a conclusão da votação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prorroga a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) até 2011. Em troca, Renan receberia a ajuda da base governista para ser absolvido nos três processos que tramitam contra ele no Conselho de Ética do Senado.
A Folha Online apurou que Renan estuda cancelar viagem que faria com os familiares neste feriado prolongado para analisar a proposta feita por interlocutores do Planalto interessados em facilitar a aprovação da PEC da CPMF no Senado. Ele deve dar uma resposta nos próximos dias.
Para os aliados de Renan, que ainda defendem sua permanência no comando do Senado, a proposta tem de ser analisada com cautela. Eles entendem que a única forma de Renan não ficar isolado é se mantendo na presidência da Casa.
Um outro grupo de aliados, entretanto, avalia que o melhor para Renan é se licenciar do cargo para preservar o mandato. Esse grupo analisa que a insistência do peemedebista em ficar no cargo pode se virar contra Renan --que pode ser vítima de um julgamento mais "duro" no plenário do Senado se o Conselho de Ética recomendar sua cassação.
Sinais
Pela primeira vez, o senador teria sinalizado a interlocutores que poderia deixar a presidência do Senado até a conclusão da votação da CPMF --que, segundo cálculos do governo, deve ocorrer até 20 de dezembro.
Nesses cinco meses de crise, Renan sempre negou a possibilidade de se afastar do comando da Casa. Por diversas vezes ele disse ficaria na presidência e que provaria sua inocência.
A licença do cargo de presidente, prevista pelo regimento interno do Senado, é permitida pelo prazo máximo de 120 dias. Nessa situação, Renan seria substituído pelo vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), enquanto durar seu afastamento. Com a licença, Renan se afastaria somente da presidência do Senado, mas manteria o seu mandato.
Conversas
A Folha Online apurou que Teotônio Vilella está em Brasília para intermediar as negociações que envolvem o presidente do Senado e interlocutores do Planalto.
A presença de Renan na presidência do Senado é considerada pelos governistas como último "obstáculo" para a aprovação da CPMF. A outra dificuldade teria sido derrubada na manhã de hoje com o retorno dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
Parlamentares da base aliada, que ficaram inconformados com o afastamento dos dois senadores, ameaçaram aderir à posição do DEM e do PSDB contrária à CPMF. O Palácio do Planalto teme novas "rebeliões" na bancada do PMDB, considerada como essencial para a aprovação da matéria.
Senadores da base aliada do governo, ouvidos pela Folha Online, já admitem que a PEC pode não ser aprovada neste ano se Renan permanecer no comando da Casa. O governo já estaria estudando alternativas viáveis para cobrir o rombo nas contas públicas nos primeiros meses de 2008 caso a CPMF não venha a ser aprovada até dia 31 de dezembro --quando termina a vigência da contribuição.
Folha online - 11.10.2007

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