sábado, 30 de agosto de 2008

PF prende candidata ligada à milícia no Rio

Por Clarissa Tomé
no Estado de São Paulo

A Polícia Federal prendeu ontem, durante a Operação Voto Livre, a candidata a vereadora Carmen Glória Guinâncio Guimarães, a Carminha Jerominho (PT do B). Ela é acusada de se beneficiar da atuação das milícias na zona oeste para obter votos. Outros 11 mandados, de 22 expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), foram cumpridos pela PF. Seis policiais militares estão presos e seriam transferidos ainda ontem para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Outros sete permanecem foragidos. "Carminha usava pessoas que fazem parte da milícia Liga da Justiça para lhe dar sustentação de força. A prisão dessas pessoas é um duro golpe para o grupo criminoso", afirmou o superintendente da PF, Valdinho Jacinto Caetano. Carminha é filha do vereador Jerominho Guimarães (PMDB) e sobrinha do deputado estadual Natalino Guimarães (expulso do DEM), ambos presos sob acusação de chefiar a milícia que atua na zona oeste.As investigações revelaram episódios de coação, extorsão e até tentativas de assassinato de pessoas que se opuseram ao grupo nas favelas Carobinha, Barbante e Batan, em Campo Grande. Caetano relatou casos de moradores que tiveram de deixar suas casas por não apoiarem a candidatura de Carminha. Em outro episódio, o administador de um condomínio recusou-se a liberar o terreno para a instalação de um centro social da família Guimarães. Ele e outro homem foram vítimas de tentativa de homicídio, explicou o procurador Rogério Nascimento, que fez a denúncia ao TRE."Há três grupos de presos. Carminha e o irmão, que herdaram a liderança da milícia com a prisão do pai e do tio. Os policiais militares que atuaram na tentativa de homicídio. E (o empresário Guilherme) Berndinelli e seu funcionário, que coagiram vendedores de gás que atuam na favela", disse o procurador.O ex-PM Luciano Guinâncio Guimarães, irmão de Carminha, também teve o mandado de prisão expedido. Foragido da Justiça estadual, ele é acusado de comandar a milícia na ausência do pai e do tio. O advogado de Luciano, Flávio Fernandes, disse que as investigações foram "dirigidas politicamente" para prejudicar Carminha. "É impossível no século 21 que 47 mil pessoas sejam coagidas", disse, referindo-se à votação de Natalino.Carminha foi presa em sua nova casa, no Condomínio Girassol. Ela alega estar sendo perseguida pela Polícia Civil e nega que tenha recebido apoio de milícias.Berndinelli foi preso às 6h30 no condomínio Sunview, na Barra da Tijuca. Ele é acusado de coagir revendedores de gás que atuam nas favelas dominadas pela milícia a comprarem em sua empresa. Eles deixaram de pagar R$ 21 o botijão, numa outra distribuidora, para comprar o mesmo produto a R$ 28, na Adegás, de Berndinelli. A diferença beneficiava as milícias e campanhas eleitorais de seus integrantes. Os advogados dos outros acusados não foram localizados.

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