sábado, 30 de agosto de 2008

No ano 2040, seremos 218 milhões

Por Ana Cecilia Americano
no Jornal do Brasil

O Brasil terá a sua maior população por volta do ano 2040, com cerca de 218 milhões de habitantes. Daí em diante, o número de brasileiros tenderá a encolher, devido à queda vertiginosa que se verifica na taxa de fertilidade da mulher brasileira – que já foi de 5,8 filhos por casal, na década de 70, e deverá ser de 1,5 filhos por casal, na próxima década de 40. É o que estima a equipe de Luiz Antônio Oliveira, coordenador de População e Indicadores Sociais do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Oliveira apresentou ontem, no Rio de Janeiro, os resultados das estimativas populacionais dos municípios em julho de 2008. De acordo com a instituição, o Brasil tinha, mês passado, 189,6 milhões de habitantes em 5.565 municípios. Na verdade, o número atual de municípios é 5.564. Como as estimativas do IBGE são base para o cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios e, em janeiro de 2009, será oficializado Nazária, no Piauí, os cálculos já refletem o novo município.
Os números divulgados pelo IBGE não trazem maiores surpresas. O Brasil cresceu no último ano a uma taxa próxima de 1,3%. São Paulo mantém a posição do município mais populoso do país. Seus 10,99 milhões de pessoas correspondem a cerca de 6% da população nacional. Equivalem, ainda, à população dos 2.289 menores municípios do Brasil, os quais somam 41% do total.
O Rio de Janeiro vem em segundo lugar no ranking de habitantes do IBGE, com 6,1 milhões; Salvador, em seguida, com 2,9 milhões; Brasília suplantou Belo Horizonte, que ocupava o quarto lugar no Censo de 2000, e já conta com 2,55 milhões. A capital federal é seguida por Fortaleza, com 2,47 milhões; e, a capital dos mineiros, ocupa atualmente a sexta posição, com 2,43 milhões de pessoas.
Na ponta oposta, a paulista Borá também mantém a condição de município com a menor população do Brasil, com 834 habitantes, 39 a mais que o registrado pelo Censo de 2000. O mapa demográfico do país continua heterogêneo, a exemplo das disparidades de concentração de população entre a região Centro-Oeste, que abriga apenas 7,2% dos habitantes, e o Sudeste, onde estão 42,3% dos brasileiros.
Wasmália Bivar, diretora de Pesquisas do IBGE, explica que, nas estimativas de 2008, foi usada uma metodologia inédita. Foram incorporadas a contagem da população de 2007 e um conjunto de informações de censos anteriores, bem como registros civis e resultados de Pesquisas Nacionais por Amostras de Domicílios (PNADs).
– Realizamos uma combinação de modelos e estudos demográficos de forma a aperfeiçoar as estimativas – explicou.
De acordo com o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez de Castro Oliveira, os censos e contagens são verdadeiros desafios nacionais. Esbarram na falta de acesso a determinadas localidades – seja por serem muito remotas, seja por se apresentarem demasiadamente perigosas. E pressupõem dificuldades de toda a ordem.
– Há casos em que quem declara omite a existência de crianças com menos de cinco anos – exemplifica o técnico do IBGE. – Ou o recenseador não consegue entrevistar jovens adultos que saem muito cedo para trabalhar e voltam muito tarde, ou pessoas que estejam viajando. Há, ainda, pessoas que arredondam suas idades e, no caso das mulheres de faixas mais avançadas, rejuvenescem suas idades.

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