quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Pesquisa mostra que PT não superou crise

Por Malu Delgado
na Folha de São Paulo

O PT escolherá no próximo domingo a nova direção partidária sob a sombra das crises políticas vividas entre 2004 e 2006, ainda que as candidaturas que representam as principais forças políticas da sigla hoje evitem discutir o tema em profundidade.Pesquisa realizada no 3º Congresso Nacional do PT em setembro com filiados, pela Fundação Perseu Abramo, comprova que a ferida permanece aberta. A Folha teve acesso a dados da pesquisa que o partido prefere não revelar.Foram entrevistados 775 dos 942 delegados que representaram o PT no Congresso Nacional em setembro. São dirigentes, eleitos, de todos os grupos políticos do partido. Entre eles, 60% disseram que a crise política vivida pelo PT não foi superada e 91% defenderam a candidatura própria em 2010.O quadro de insatisfação interna não se reflete diretamente na disputa pela presidência da sigla, com sete candidatos.A candidatura favorita é a do atual presidente, Ricardo Berzoini (SP), obrigado a se afastar, em 2006, do comando da campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Berzoini era o coordenador geral de Lula e caiu assim que foi descoberto o esquema petista de compra de um dossiê contra políticos do PSDB. Teve de se afastar por quase três meses da presidência do PT.Os outros candidatos são os deputados federais Jilmar Tatto (SP) e José Eduardo Cardozo (SP) - prováveis rivais de Berzoini num segundo turno -, o secretário de Relações Internacionais, Valter Pomar, e ainda, como representantes de grupos minoritários à esquerda, Marcus Sokol, Gilney Viana e José Carlos Miranda.No início do debate para a sucessão do PT o presidente Lula apresentou seu candidato. Era Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, que segurou um partido em frangalhos com o afastamento compulsório de Berzoini em 2006, inclusive com ameaça de derrota eleitoral. Mas Marco Aurélio não foi aceito por segmentos do chamado ex-Campo Majoritário, cujos representantes se desgastaram com as crises políticas. Havia um temor de excessivo rigor ético de Marco Aurélio em relação aos petistas que, por exemplo, se envolveram no mensalão.Sem Marco Aurélio, Lula não se expôs nem fez articulações, segundo os petistas, em favor Berzoini, com quem teve a relação esgarçada. Lula e seus principais aliados têm a certeza de que, se reeleito, Berzoini não dará as cartas para 2010.A nova direção assumirá ciente de que a militância petista não vai titubear e exigirá um nome à sucessão de Lula. E o PT sabe, também, que seu principal desafio será convencer o próprio Lula a se engajar numa candidatura petista, já que o presidente tem defendido abertamente a escolha de um nome negociado na base. Ou seja, não há sinais de que Lula dará gás aos arroubos petistas para 2010, sobretudo com a candidatura anunciada de Ciro Gomes (PSB-CE) e com o rumo incerto do governador Aécio Neves (PSDB-MG).A Folha entrevistou os quatro principais candidatos.

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